Kozak escreveu: ↑27 Dez 2018 15:06Putz, sem querer mexer no vespeiro, mas vamos falar a real. Vocês acham que uma "arte marcial brasileira" vai ser pautada e fundada em grandes valores transcendentais e metafísicos? Porra, olha a situação do nosso povo. As coisas não surgem numa bolha. Refletem a sociedade. Olha os valores das artes japonesas...
Ah, mas o japonês é um povo extremamente mau, agressivo, violento, já cometeu inúmeras atrocidades na história, não sei mais o que. Sim, é verdade, mas não tô falando de ser bom ou mau. Tô falando de cultura, de civilização, de valores. Japão é uma civilização milenar, eles tem toda uma tradição, valores culturais, um senso de respeito, de disciplina, de hierarquia, etc. Não tô fazendo juízo de valor. Você pode achar que a cultura tradicional japonesa é um lixo. Ok. Não tô atribuindo sentido axiológico. Mas o fato é que eles tem algo em que se apoiar, algo sólido, verdadeiro.
Por outro lado, olha o nosso povo, a nossa "cultura". Não temos valores civilizatórios. Mal temos uma identidade Não temos nada. Vocês acham que uma "arte marcial brasileira" desenvolvida no século passado - um dia em termos históricos - por uma família brasileira comum vai ser o bastião de grandes valores éticos, vai transmitir ensinamentos de grande profundidade filosófica, moral, cultural, civilizatória? O pouco que tem é nada mais do que repetição aguada das artes tradicionais japonesas...e geralmente fica só no discurso.
Não digo que o GJJ não tenha nenhum conjunto de valores. Mas o que tem é basicamente um "código guerreiro" tupiniquim de não levar desaforo pra casa, provar a superioridade do jiu jitsu, etc. Algo mais casuístico e "terreno". Nada além disso.
Não significa dizer que os Gracie são tudo isso ou aquilo. Não é porque a sua arte não tem todo um arcabouço milenar filosófico que você não presta. Você pode não ter sido criado com certos fundamentos e ser uma "pessoa boa" e vice-versa. A família Gracie tem alguns ótimos exemplos. O maior deles, na minha opinião, é o Carlson. "Ah, mas ele participava de rinha de galinha". Pqp, não tô falando que ele era perfeito.
O legado dos Gracie é isso aí. Porradaria e um certo código guerreiro. Nada além disso. São uma típica família brasileira, com a diferença que são bons de porrada. Errado está quem vê no GJJ algo que ele não tem. É a velha questão da expectativa. Se você cria expectativas que as pessoas não podem dar, o problema tá com você.
Se a gente parar de tentar enxergar algo mais profundo além de porrada no GJJ, fica mais fácil de entender e "aceitar" essas coisas.
PS: Não tô falando que um mestre de GJJ não seja capaz de passar valores para seus alunos. Tem vários mestres que passam. Mas aí não é algo da arte em si. São valores das artes tradicionais japonesas que são utilizados por um mestre de GJJ. Mas o fato de um mestre de GJJ conhecer esses valores e passá-los não faz deles valores do GJJ. Pega o Rickson, por exemplo, que eu acho um cara lúcido e inteligente, que fala coisas interessantes. Mas passa um pente fino e você vai ver o discurso dele é basicamente uma reprodução de algo que ele leu sobre o Bushido. Não é nada da família dele.
PS2: Ler esses textos da tal da Vera e da Kyra só reforça meu ponto de vista. PQP.
EDIT: Quando eu tava diferenciando o GJJ das artes japoneses bati muito em valores, cultura, etc. Mas esqueci o principal. O código de honra. "Ah, mas o GJJ tem um código de honra". Não, desculpa, mas não tem. Tem, como eu falei, um "código de guerreiro", um "manual de macheza", mas não é a mesma coisa. E só para constar, eu não estou dizendo que os mestre de GJJ sejam desonrados. Tem que deixar claro senão as pessoas não entendem a sutileza e se ofendem.



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