Mensagem
por Alekson lima » 10 Set 2016 21:13
Segue texto bem interessante que eu achei no facebook Abraços.
Lucas Cordeiro
7 de setembro às 17:43
SOBRE TRABALHAR E ESTUDAR...
Assim que eu postei meu depoimento de aprovação, algumas pessoas me procuraram sobre o equilíbrio entre “estudar e trabalhar” e eu prometi escrever algumas pequenas reflexões.
Certa vez, aqui nesse grupo, o Dr. Fábio Vitale fez a comparação entre o atleta de maratona e o “sprintista”. Segundo ele, o maratonista corria em menor velocidade (estudava menos por trabalhar mais), porem ia mais longe (aguentava mais anos prestando concurso); o “sprintista”, por seu turno, conseguia evoluir rapidamente nos estudos, mas, por não trabalhar, cansava e sentia a pressão, o que podia levar a desistir do certame para Juiz.
Ele estava correto. Senti isso na pele. Fui maratonista nos primeiros dois anos de preparação. Sprintista nos dois anos seguintes e quando comecei a ficar pressionado, cansado, sentindo-me inútil para a sociedade e para minha família, voltei ao mercado de trabalho e à maratona.
Essa manobra, que à primeira vista parecia um retrocesso, foi fundamental para aguentar os 1,5 anos a mais necessários à aprovação.
Contudo, ouso ir além na comparação entre o concurseiro e o esportista e, obviamente, fico sujeito às aguçadas críticas do tribunal da internet.
Enxergo que o concurso da magistratura do trabalho coloca o candidato em uma situação semelhante ao de um piloto de fórmula 01 e de sua equipe.
O carro de competição do concurseiro é a sua faculdade. Quem fez uma boa graduação chega um pouco à frente dos demais na corrida para a toga. À medida que você estuda, você vai aumentando a potência do seu motor e vai suprir falhas na sua base; se fez boa graduação, o esforço e a dedicação vão te ajudar a chegar antes no objetivo final.
O seu companheiro de equipe normalmente é aquele com quem você divide quarto e, naturalmente, a angústia e a ansiedade de estar no concurso.
Mas isso não é o bastante. É preciso treinar dias antes da prova, pois não adianta ter um bom motor sem saber o exato momento de utilizar todo o seu potencial. É fundamental conhecer o circuito, como fazem os pilotos às vésperas de suas competições. Sendo mais claro: conhecer a banca examinadora e as suas curvas peculiares.
Em síntese: uma coisa é saber o conteúdo. Outra coisa é saber fazer prova! É preciso ser bom em ambos os campos para ser aprovado.
Em uma temporada de fórmula 01, o grid de largada é composto por diversos competidores. Todos sonham vencer o campeonato. Mas o objetivo real de cada um deles é distinto. Uns, lutam para se firmar como piloto profissional; outros, para conseguirem um carro e uma equipe melhor; mas poucos entram para concorrer efetivamente pelo título da temporada.
Se você está chegando agora no concurso, não se compare com esse pelotão de favoritos sob pena de se frustrar. É o tempo de você traçar a sua temporada, visando seus objetivos reais. No meu primeiro ano de prova (terceiro de estudo), foi passar na primeira etapa; no segundo, passar na segunda fase; no terceiro - que se concluiu no quarto -, passar na sentença.
Evidentemente que chegam uns “gênios” aí no concurso e furam fila. Mas esses são muito poucos. Cerca de 70 pessoas passam no concurso de juiz do trabalho por ano. Desses, eu aposto que 15% “são gênios”, estudando menos de dois anos. Fora isso meus amigos, foram anos de temporada.
A fórmula 01 é um esporte individual e coletivo ao mesmo tempo. Nossa situação é semelhante. Estamos absolutamente sozinhos num mar de 4000 candidatos naquelas 05 horas em que respondemos aos 100 testes propostos. Todavia, nos anos que fazemos nossa preparação, temos que construir nossa equipe que, como na formula 01, é imprescindível ao bom desempenho no dia da competição.
E aí entra a importância do trabalho. Se você trabalha, tem dinheiro para investir, seja comprando cursos, lendo novos livros, viajando para mais provas. Você passa a ter condições de melhorar sua equipe jurídica.
Comigo, quando não trabalhava, era um baita estresse viajar para as provas: ou eu comia, ou eu dormia em hotéis legais e isso era sempre desgastante (normalmente, comia bem na véspera de prova e dormia em albergue no pós prova). Sem falar nos rangos fiados com os amigos. Engraçado que quando eu comecei a trabalhar e esse tipo de tormenta desapareceu na minha vida, alguns resultados deslancharam sensivelmente.
É preciso de um coaching? Formalmente eu nunca contratei um. Mas, meu primeiro ano de estudo foi baseado nas conversas com uma amiga recém aprovada para o MP/MG. No segundo, meu parceiro de treino na academia era concurseiro e já tava beirando o oral do TJ/SP. Ele me orientou muito, sobretudo ao olhar nos meus olhos e falar: “calma cara! Você tá fazendo tudo certo. É preciso esperar o tempo passar”.
Depois disso, foi a vez de eu escolher uma referência e segui-la, agora já com uma amiga que estava beirando a aprovação na magistratura do trabalho. Ela passou. E aí foi a vez de eu trilhar o meu caminho “sozinho” e ser referência para outros.
Também, minha equipe era composta de outras boas peças. Nos últimos três anos, todo dia na academia conversava muito com um amigo (Émerson), já com seus 44 anos e outra profissão, orientava-me a não desviar o foco e frear alguns ímpetos da juventude.
Minha mãe, por sua vez, não podia bancar minhas provas nem meus cursos, mas me deu carta branca pra não ajudar nas despesas da casa (ainda que isso colocasse certas despesas da casa em risco). E ela orou muito por mim. Oração de mãe é irresistível.
Quando faltou dinheiro para investir nos cursos e melhorar meu carro, recorri aos patrocinadores: liguei para um amigo e pedi dinheiro para fazer um curso de sentença. Ele bancou e eu ainda não paguei ele. Nunca me cobrou. Disse que é um prazer ajudar quem se esforça.
Nesse momento eu aprendi que quando você se esforça ao máximo e se priva de algumas coisas, você cativa as pessoas ao redor e elas sentem – no caso, Deus desperta - o desejo de participar da sua caminhada. “Vá suar muito a camisa e veja se a torcida não vai gostar?!”. Você precisará da torcida a seu favor quando as inseguranças íntimas te afligirem.
Nessas horas, a equipe “te chama” para os boxes para uma “troca de pneus”, que pode ser visto como aquele feriado que você deixa os estudos de lado e vai viajar um pouco, como forma de oxigenar a vida e ter diferentes experiências. O $$$ do trabalho te dá condições de atender ao chamado dos boxes e relaxar um pouco.
Por último e não menos importante, fé e muita oração. Acreditar que o Senhor estava acima de tudo e conduzia o caminho foi fundamental para me manter firme na caminhada. “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e o mais ele fará” (Salmo 37. 5)
Enfim. Apesar de irmos sozinhos para a prova, carregamos toda a nossa equipe conosco, que vai desde o professor do cursinho, o corretor de questões, os amigos, os conselheiros.
Eu fiz “voo solo” por muito tempo e cheguei ao meu limite. Trabalhar foi fundamental para eu adquirir novos elementos para minha equipe, reduzir a ansiedade, zerar o estresse com fatores extracampo (dinheiro para viajar) e chegar na tão sonhada aprovação.
É isso.
Fiquem com Deus.
Abraços,
LUCAS FALASQUI CORDEIRO