Um pouco mais sobre o legado olímpico.
Trabalho em frente a via onde passa o VLT. Para um transporte de massa, quase todas as vezes que eu vejo passando, está sempre vazio. Raras vezes existem pessoas de pé. Passada a empolgação das olimpíadas, creio que o movimento maior é no final de semana, quando a turistada e cariocas querem passear no Boulevard Olímpico. Eu lembrei desse tópico quando li essa reportagem falando do calote elevado no VLT, o que obrigará o município a compensar a concessionária que opera o sistema.
Prefeitura já arca com calotes no VLT
Como previsto em contrato, município compensa concessionária pelas perdas com quem não paga a passagem
15/09/2016 11:50:57
GUSTAVO RIBEIRO
Rio - Começou a sair das contas da Prefeitura do Rio o prejuízo pelos calotes no Veículo Leve sobre Trilhos, que tem esquema de pagamento espontâneo dentro das composições. Em menos de dois meses após o início da cobrança de tarifa, a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) confirmou que os pagamentos para compensar a concessionária do VLT pelas “perdas” com quem não paga as passagens já estão sendo feitos, mas não informou os valores desembolsados.
Como o DIA publicou em outubro, se o número de pessoas transportadas for entre 10% e 20% maior que o de passageiros validados, metade do prejuízo deverá ser ressarcido à concessionária do VLT com recursos do Tesouro Municipal. A compensação mensal é prevista ao longo da concessão de 23 anos em contrato, que estabelece ainda que os valores que excederem os 20% de evasão (pessoas que não pagam a tarifa) são integralmente pagos pela prefeitura. Sensores nos veículos apontariam a lotação e as discrepâncias.
O novo transporte do Centro já entrou na rotina do carioca: estações já venderam 300 mil bilhetes
Ernesto Carriço / Agência O Dia
A cobrança de tarifa começou em 26 de julho, mas as multas para quem não pagar só passaram a ser aplicadas em 5 de setembro. O valor é de R$ 170 para quem deixa de validar os bilhetes eletrônicos nos VLTs — a maioria das estações não tem roletas — pela primeira vez. Para reincidentes, a multa é de R$ 255. Até dia 14, foram aplicadas 162 multas, sendo 12 a estrangeiros. O dia com mais registros foi o primeiro (36). Os dias 12 e 13 tiveram a menor incidência (10 multas em ambos).
O VLT transportou 756.173 passageiros nos 17 dias de Olimpíada. Nos fins de semana, atingiu picos com mais de 80 mil passageiros somando sábados e domingos. No primeiro fim de semana de operação na Paralimpíada, mais de 57 mil pessoas andaram de VLT. Desde 5 de junho, início do serviço, foram transportados 2,2 milhões. “Percebo que o VLT entrou na rotina do carioca”, diz o estudante Rodrigo Rapparini, 20, que usa o transporte entre o trabalho, na Candelária, e a faculdade, na Cinelândia.
Pagamentos por 23 anos
Depois que o VLT estiver em operação plena (prevista para 2017), a prefeitura ainda vai remunerar a concessionária nos meses em que o sistema não atingir as curvas de demanda mínima fixadas em estudo para o horizonte de 23 anos.
A prefeitura já remunera o Consórcio VLT Carioca pelos investimentos na obra. O valor, fixado no contrato de 2013 em R$ 5,9 milhões mensais e iniciado com a operação comercial, gira hoje em torno de R$ 8 milhões (devido à atualização monetária) e será pago ao longo da concessão. O empreendimento custou R$ 1,157 bilhão e foi feito em Parceria Público-Privada com o consórcio formado por CCR, Invepar, Odebrecht Transportes, Riopar, RATP e Benito Roggio Transporte, que pagou R$ 625 milhões.
Bilhete só será vendido nas máquinas
A partir de domingo, as estações do VLT não terão mais vendedores do Bilhete Único Carioca, mantidos pela RioCard. A venda e recarga dos cartões continuarão sendo feitas nas máquinas de autoatendimento em todas as paradas. A venda manual foi uma ação voluntária da RioCard para auxiliar o público no início da operação.
A RioCard iniciou campanha, esta semana, com agentes que distribuem panfletos nos pontos, painéis digitais e vídeos nos veículos. O objetivo é evitar que o passageiro seja multado. As mensagens alertam que cada usuário deve ter seu RioCard para andar no sistema, que qualquer RioCard é aceito no VLT e nos outros meios de transporte e recomendam a compra das passagens de ida e volta para facilitar o embarque. Segundo Melissa Sartori, gerente de Marketing do RioCard, essas são as principais dúvidas dos usuários.
Daí você lê essa notícia sobre o calote que o estado vem aplicando nos pagamentos do Maracanã:
Rio dá calote em dívida do Maracanã e tem socorro da União
rodrigomattos 22/09/2016 06:00
Quebrado financeiramente, o Estado do Rio de Janeiro já atrasou nove parcelas do empréstimo tomado ao BNDES para a reconstrução do Maracanã para a Copa-2014. Desde maio de 2016, o governo estadual não paga e a dívida é quitada com atraso pelo governo federal, como garantidora da dívida. O total da inadimplência já soma R$ 14,5 milhões.
O blog obteve os fluxos de pagamentos dos empréstimos do BNDES para a Copa por meio da Lei de Acesso à Informação. Dos sete Estados que tomaram dinheiro, só o Rio de Janeiro está atrasado.
O problema começou em maio: a parcela que vencia no dia 16 – de R$ 2,284 milhões – só foi quitada no mês seguinte pela União. A partir daí, todos os pagamentos foram realizados com atrasos pelo governo federal. Em média, o Rio tem que pagar em torno de R$ 5,5 milhões ao BNDES por mês, entre amortização do principal e juros. O total do empréstimo foi de R$ 400 milhões, apenas uma parte do gasto de R$ 1,2 bilhão para reconstruir o estádio para a Copa-2014.
Questionado, o governo do Rio confirmou a inadimplência e justificou-se com a sua crise de finanças que levou o a decretar Estado de Calamidade Pública. Segundo a Secretaria de Fazenda, do déficit estadual de R$ 19 bilhões previsto para 2016, R$ 12 bilhões são de despesas com inativos e pensionistas.
''Depois do pagamento de todos os servidores, pouco tem sobrado para fazer frente a outras obrigações, dentre elas o pagamento de parcelas da dívida, que, destaque-se, em relação aos empréstimos, são em sua maioria quase absoluta garantidas pela União'', explicou a secretaria.
Sem quitar as parcelas na data, por contrato, o Estado tem que pagar multa de 3% sobre o total da inadimplência quando o pagamento ocorre depois de quatro dias. ''Especificamente no que se refere ao PRO-COPA, houve atraso e consequente pagamento pela garantidora, União, de prestações vencidas'', explicou a Secretaria de Fazenda.
O BNDES confirmou que a União é a responsável por cobrir o Rio como fiduciária. ''Portanto, quando se constata o descumprimento de obrigações financeiras, a União é acionada para que os pagamentos sejam efetuados. É o que ocorre no caso do Rio de Janeiro, quando tais pagamentos por parte da União, na condição de garantidora da operação, já incluem juros e mora pelo atraso'', contou o banco.
Nem há perspectiva de resolução do problema que sequer foi tratado entre as partes. ''Ainda não houve negociação com o BNDES para tratar desses atrasos e todo esforço tem sido envidado para voltarmos a regularizar a adimplência do Estado do Rio e fazer frente a todas as suas obrigações. Mas é importante ressaltar que a situação é muito delicada e a prioridade é assegurar o pagamento de servidores'', completou a secretaria de Fazenda.
A reforma do Maracanã praticamente triplicou de preço porque o então governador Sergio Cabral (PMDB) aceitou todas as exigências da Fifa como a derrubada de parte da arquibancada e substituição da cobertura. Cabral é suspeito de levar 5% de propina nesta obra, segundo deleção feita por executivos da empreiteira Andrade Gutierrez.
Parceira da Andrade Gutierrez na obra, a Odebrecht ficou com a gestão do estádio, mas vai devolvê-lo porque não conseguiu torná-lo viável financeiramente. Sem pagar sequer as parcelas da dívida, o Estado do Rio agora tem que achar uma solução para não aumentar seus gastos com o Maracanã.