"Eu Sobrevivi a Atlanta": para quem acha que o Rio é o Inferno

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Lee Jun-Fan
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"Eu Sobrevivi a Atlanta": para quem acha que o Rio é o Inferno

Mensagem por Lee Jun-Fan » 17 Ago 2016 15:05

Nos Jogos de Atlanta-1996, apenas o Brasil comemorou

País conquistou seu maior número de medalhas numa edição olímpica: 15. Mas no país símbolo da modernidade e perfeição, muita coisa (muita mesmo) deu errado

Para a história olímpica brasileira, os Jogos de Atlanta foram estupendos: o país conquistou um total de 15 medalhas, quase o dobro do recorde anterior, e voltou para casa muito à frente de Inglaterra, Bielorússia, Bélgica ou Suécia. Segundo qualquer outro critério, porém, Atlanta 1996 foi um pesadelo. O que podia dar errado deu errado. O que não podia, também.

Em maior ou menor escala, o caos afetou a todos — atletas, dirigentes, turistas, mídia. Até mesmo a população local, capaz de injetar sal, pimenta e alma numa Olimpíada, estava mal-humorada. Reclama até hoje quem foi buscar conforto na decantada hospitalidade do Sul dos Estados Unidos.

Seduzidos pela receita que dera resultado em Los Angeles, os organizadores haviam decidido que os Jogos de Atlanta seriam inteiramente bancados pela iniciativa privada. Cidade-sede da Coca-Cola, da CNN e da Delta Airlines, além de um dos principais centros de conexão aérea do mundo e vibrante centro comercial do país, a capital do estado da Geórgia pretendia emergir cintilante com sua identidade pós-“...E o vento levou”.

Mas já na primeira semana ruiu a sagrada tríade que sustenta o funcionamento extracompetição de qualquer edição dos Jogos: transporte, comunicação/tecnologia e segurança. Quando uma perna do tripé enguiça, já é grave. Se duas pifam, é crítico. Três, é terminal. Em Atlanta, as três falharam.

O colapso do sistema de locomoção afetou tanto a chamada “família olímpica”(dirigentes, juízes, atletas, equipes técnicas, mídia credenciada), como o público em geral. Os engarrafamentos eram uma constante, e a chegada ao destino, uma incógnita. Apavorados com a impaciência dos passageiros, quase uma centena de motoristas locais da frota olímpica se demitiu, obrigando os organizadores a importarem pessoal de outros estados, às pressas. Só que os substitutos não tinham ideia do traçado da cidade.

Numa instância, foi o time de remo inglês que assumiu o comando do seu ônibus para poder chegar até o local da competição. Em outra ocasião, um colega irlandês do ônibus no qual eu me encontrava convenceu o apavorado motorista a ceder o volante diante do quase motim a bordo. Estávamos atrasados meia hora para a final da ginástica artística masculina.

Jornalista normal já é reclamão e exigente. Quando algo emperra ou atrasa seu trabalho, a tensão dá pinotes. Em Atlanta éramos 15.100 olímpicos credenciados em estado de estresse permanente e alto risco de atraso. Imagine-se nosso estado de combustão. No quesito transporte, um dos poucos momentos de alegria na desgraça foi ver a alta cúpula do Comitê Olímpico Internacional, na porta do luxuoso hotel em que estava hospedada, aguardar em vão a chegada dos carros que deveriam levá-los à Cerimônia de Abertura. O caos de Atlanta teve essa característica: foi democrático. As escadas rolantes da principal estação de metrô da cidade chegaram a parar de funcionar.

Nada, porém, mais inesperado do que o enguiço do sistema montado pela IBM. Anunciado à época como a mais avançada fronteira da tecnologia e concebido para armazenar dados precisos sobre todas as edições olímpicas, o Info96 também fora criado para fornecer resultados em tempo real das 271 provas em curso. Para os jornalistas, uma ferramenta tão inédita quanto poupadora de tempo e suor.

Isso, se não tivesse entrado em pane. O sistema cuspia informações destrambelhadas: na ficha de um atleta de 21 anos constava que ele era nonagenário; a estatura de um lutador de boxe apareceu como sendo de 50cm; foi anunciada uma quebra de recorde mundial no ciclismo antes de a prova sequer ter ocorrido.

Como o Info96 só conseguia fornecer o resultado oficial das competições horas após sua conclusão, o que equivale a uma eternidade para agências noticiosas, a IBM capitulou e passou a entregá-las aos mais necessitados em formato papel, através de mensageiros.

Não espanta que um dos produtos mais criativos e populares a surgir durante os Jogos foi um pin com os dizeres “I survived Atlanta” (Eu sobrevivi a Atlanta), rapidamente adotado pelos jornalistas como condecoração.

Isso tudo antes da explosão de uma bomba caseira em pleno Centennial Olympic Park na madrugada do sábado 27 de julho, quando os Jogos ainda estavam apenas na primeira metade.

Perto de duas mil pessoas assistiam ao show da banda Jack Mack & The Heart Attack quando uma explosão na torre de som ao lado do palco, com forte estrondo, seguido de fumaça negra e estilhaços, congelou a festança antes de espalhar o pânico. Momentos antes, James Brown havia se apresentado no mesmo palco, e nos dias anteriores tinha sido a vez de Chubby Checker e dos Ramones. O imenso parque árido e pouco arborizado, cuja principal atração era uma fonte que servia de chuveiro para refrescar o público a caminho das arenas, ficava a poucos metros do centro internacional de imprensa (MPC) e do prédio que abrigava as redes de tevê mundiais (IBC) Só que àquela hora da madrugada, com a jornada de trabalho daquele dia basicamente encerrada, a grande maioria dos jornalistas, estava em modo desarmado. Ou aproveitando para comer algo antes de encarar o dia seguinte, ou desacelerando no MPC e IBC. Do ponto de vista da nossa tribo, portanto, um agravante a mais na cobertura de uma edição já encrencada.

O pandemônio não foi pequeno. Uma senhora que percebi numa esquina, encolhida em posição fetal e que imaginei estar ferida, tinha visto uma vítima com as vísceras de fora e estava em estado de choque. O atentado fez 111 feridos, matou uma pessoa — uma telefonista que fora festejar o aniversário da filha — e suspendeu as competições por 24 horas. A retomada veio infiltrada de medo. Até porque os 36 mil agentes de segurança olímpicos não haviam conseguido impedir o atentado caseiro apesar de o autor ter dado um telefonema de alerta à polícia, na véspera.

Ele se chamava Eric Rudolph, tinha 29 anos, e era um dos terroristas americanos de extrema direita que constavam da lista dos 10 mais procurados pelo FBI. Mas isso só se descobriu quase uma década mais tarde. Rudolph foi preso em 2003 e cumpre pena perpétua por uma série de outros atentados. Em 2005, como parte de sua confissão, admitiu ter detonado a bomba no Centennial Park. Ao longo desse tempo todo o agente de segurança Richard Jewell penou para conseguir corrigir uma terrível injustiça — seu nome fora indevidamente vazado pelo FBI como sendo o autor do crime e ele passara a ser nacionalmente execrado.

Mas o bom de toda Olimpíada é seu combustível humano — os atletas. E o motivo deles estarem ali — para competir. Cada edição tem um leque inesgotável de participantes com biografias acopladas ao substantivo “superação”. A mídia adora essa palavra. Ela vale para a transposição de brutais obstáculos socioeconômicos, culturais, políticos, familiares, religiosos, geográficos ou todos somados.

Atlanta, ou Hotlanda, como foi logo apelidada a cidade, exigiu o máximo até de atletas com ótimo condicionamento físico. No dossiê de candidatura constava a vantagem de uma temperatura média de 25 graus no período olímpico. Só foi omitido que essa temperatura se registrava de madrugada, e que a média diurna, para final de julho, beirava os 35 graus, com picos de 40° e umidade de 89%.

http://m.oglobo.globo.com/esportes/nos- ... u-19620570

Cortei os comentários esportivos, ficaria extenso demais. Tá tudo no link.
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Celão
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Re: "Eu Sobrevivi a Atlanta": para quem acha que o Rio é o Inferno

Mensagem por Celão » 17 Ago 2016 15:25

Todo grande evento tem problema, não tem pra onde fugir. Isso independe se o país é rico ou pobre. Veja a Eurocopa na França. Porradaria entre as torcidas tomou as ruas. Quebra-quebra, nego todo arrebentado, estabelecimentos comerciais destruídos... Isso é ou não é pior do que um fio desencapado, uma goteira...?

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msfazer
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Re: "Eu Sobrevivi a Atlanta": para quem acha que o Rio é o Inferno

Mensagem por msfazer » 17 Ago 2016 16:22

RequintesDePuberdade escreveu:Pra mim o que incomoda é a roubalheira desenfreada aqui...

Deve ter tido em outros países do 1º mundo também, mas não acredito que com a ferocidade que teve aqui. E mesmo que tenha tido não muda minha indignação com isso...

Com relação aos problemas do dia a dia não posso dizer se esta sendo pior do que outros lugares. Problemas dessa ordem teve em outros eventos desse porte mesmo...

Outra coisa que incomoda é essa porra de legado que geralmente é discurso de quem vai roubar...

Dizem que Barcelona/ES realmente transformou a cidade...

Deve ser o único caso.

Esses eventos não transformam nem deixam legado pra cidade nenhuma. Só deixam conta pra quem da a festa. O negocio é ser feito em lugares que já tenham estrutura pro gasto publico ser o menor possível e com o máximo de dinheiro particular possível.

Pra mim essas vantagens de: 1) dinheiro dos turistas 2) propaganda da cidade 3) geração de negócios futuros 4) blá blá blá e tudo conversa fiada. Ou melhor, minimo perto dos gastos públicos monumentais.
Vai deixar algumas estruturas prontas. Não sei exatamente, mas pelo que eu li/ouvi tem uma melhor oferta de VLTs e metrô.
Alguns dos locais de disputa vão virar escolas...
Entre outras coisas que certamente ficarão para a cidade.

Entretanto, eu tenho a mesma visão que você. Acho que é um legado mínimo perto do custo. E não entendo porque precisava de olimpíadas para fazer coisas que deveriam ser feitas independente de qualquer coisa.... Deveriam ser feitas porque a cidade (e o país) precisa.


Isso pra não entrar no mérito de discutir propostas que foram feitas e que sequer começaram - e obviamente não serão feitas agora que as olimpíadas já estão terminando.... Como a limpeza da lagoa e da baía de guanabara.... Entre outras que não vou me lembrar.


Abs!

Zero
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Re: "Eu Sobrevivi a Atlanta": para quem acha que o Rio é o Inferno

Mensagem por Zero » 17 Ago 2016 17:03

Não sei se aqui tá muito melhor...

Milhares de voluntários abandonando por causa da longa jornada de trabalho e falta de alimentação
http://www.independent.co.uk/sport/olym ... 94776.html

"O legado da segurança no Rio"
http://www.huffingtonpost.com/atila-roq ... 27812.html

O legado da baía de Guanabara despoluída.
http://www.dw.com/en/pollution-fears-ov ... a-19446378

Teve o policial morto
http://www.itv.com/news/update/2016-08- ... pics-duty/

A câmera que despencou.
http://www.bbc.com/news/world-latin-america-37089398

Quanto as vaias nos esportes que exigem silêncio já tem tópico...

Pão e circo!

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Re: "Eu Sobrevivi a Atlanta": para quem acha que o Rio é o Inferno

Mensagem por SALINHO » 17 Ago 2016 17:45

Lee Jun-Fan escreveu:Nos Jogos de Atlanta-1996, apenas o Brasil comemorou

País conquistou seu maior número de medalhas numa edição olímpica: 15. Mas no país símbolo da modernidade e perfeição, muita coisa (muita mesmo) deu errado
Foi o maior número de medalhas numa edição olímpica ATÉ ENTÃO. Pois o Brasil ganhou 16 em 2008 e 17 em 2012.
BÓ VOVÔ!!!!

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gus77
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Re: "Eu Sobrevivi a Atlanta": para quem acha que o Rio é o Inferno

Mensagem por gus77 » 17 Ago 2016 18:33

Eu acho foda é o COI e a FIFA lucrando uma fortuna nas Olimpíadas e Copa do Mundo e pedindo para as pessoas se voluntariarem para trabalhar de graça.

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Lee Jun-Fan
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Re: "Eu Sobrevivi a Atlanta": para quem acha que o Rio é o Inferno

Mensagem por Lee Jun-Fan » 17 Ago 2016 19:28

Zero escreveu:Não sei se aqui tá muito melhor...

Milhares de voluntários abandonando por causa da longa jornada de trabalho e falta de alimentação
http://www.independent.co.uk/sport/olym ... 94776.html

"O legado da segurança no Rio"
http://www.huffingtonpost.com/atila-roq ... 27812.html

O legado da baía de Guanabara despoluída.
http://www.dw.com/en/pollution-fears-ov ... a-19446378

Teve o policial morto
http://www.itv.com/news/update/2016-08- ... pics-duty/

A câmera que despencou.
http://www.bbc.com/news/world-latin-america-37089398

Quanto as vaias nos esportes que exigem silêncio já tem tópico...

Pão e circo!
Vamos focar em Londres, a última que teve:

- Há poucos dias do início das competições, o governo britânico teve de intervir e enviar 3.500 soldados das forças armadas do Reino Unido para reforçarem a segurança, após a empresa responsável – e que faturaria cerca de R$ 30 milhões – dizer que não seria capaz de cumprir com o contrato e garantir a paz durante as Olimpíadas. Aqui ao menos houve mobilização antes, por mais que não se justifique.

- Houve superfaturamento na venda de ingressos e desvio, ocasionando torcedores "fantasmas", sendo que oficialmente os ingressos estavam "esgotados". Ficou tão feio e tão vazias as arenas que chamaram trabalhadores e até pessoal da segurança à paisana, voluntários (que tô tinham ido "trabalhar") e soldados para encher os locais.

- Vários voluntários convocados para ajudar nas Olimpíadas abandonaram os postos se queixando de más condições, deixando turistas e torcedores sem informações e comprometendo a segurança.

- Com medidas políticas desgraçadas, Londres conseguiu a PROEZA de diminuir em 50% o seu turismo nos jogos - ao invés do contrário. Fora que, ao invés de crescimento e entrada de 12bi na economia, ela rerocedeu de 0,7% para estagnação, fora o centro "fantasma", que arrebentou a economia de bares, restaurantes e mercados levando muitos a falência - no Rio está acontecendo o oposto, MESMO com todo alarmismo da imprensa mundial.
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Re: "Eu Sobrevivi a Atlanta": para quem acha que o Rio é o Inferno

Mensagem por Pinel » 17 Ago 2016 19:52

Porra botar a queda da câmera na conta do Brasil é sacanagem.

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CROW
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Re: "Eu Sobrevivi a Atlanta": para quem acha que o Rio é o Inferno

Mensagem por CROW » 17 Ago 2016 19:59

gus77 escreveu:Eu acho foda é o COI e a FIFA lucrando uma fortuna nas Olimpíadas e Copa do Mundo e pedindo para as pessoas se voluntariarem para trabalhar de graça.
E ainda assim as pessoas fazem filas. O esperto só existe por culpa do idiota.
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Re: "Eu Sobrevivi a Atlanta": para quem acha que o Rio é o Inferno

Mensagem por CROW » 17 Ago 2016 20:01

Philly Shell escreveu:Eu fui em dois jogos: boxe e polo aquático. Também fui na praça Maua. Todos de transporte público. Metrô, brt e bus normal. Tirando o último, tds os outros foram excelentes! Está de parabéns o RJ, nunca imaginei encontrar transporte público de qualidade no Brasil.
Faz a mesma coisa depois do jogos e vem aqui dar sua opinião.
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Re: "Eu Sobrevivi a Atlanta": para quem acha que o Rio é o Inferno

Mensagem por Lee Jun-Fan » 17 Ago 2016 21:06

Philly Shell escreveu:Não moro no Rio. Mas duvido que seja muito diferente (pessoas da família da minha namorada q são do Rio ja me falaram q o transporte é bom e estão deixando carro na garagem p usar o Bus, BRT, VLT e Metro). Sou hater do RJ, acho uma cidade caótica, mas da um banho em Belo Horizonte (minha cidade) no quesito transporte público.
Não estou notando diferença nenhuma no transporte público - para pior ou melhor. Obviamente, haverá muito mais trânsito por causa das férias escolares. Tirando isso, é o que você viu mesmo. O que mata no Rio é a falta de educação dos motoristas.
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Re: "Eu Sobrevivi a Atlanta": para quem acha que o Rio é o Inferno

Mensagem por Prime » 17 Ago 2016 22:31

gus77 escreveu:Eu acho foda é o COI e a FIFA lucrando uma fortuna nas Olimpíadas e Copa do Mundo e pedindo para as pessoas se voluntariarem para trabalhar de graça.
Se não aparecesse ninguém eles iam começar a pagar mas sempre aparece um monte de otario pra trabalhar de graça

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