Mensagem
por Tenente Murphy » 13 Abr 2016 15:00
Na verdade a questão vai além do racismo. Existe uma associação automática entre negro e pobre, e depois entre garçom e pobre, portanto garçom, pobre e negro.
Primeiro que nem todo garçom é pobre. Alguns vivem melhor que os clientes, mas geralmente é associado a uma profissão que as pessoas tem por falta de encontrar outro emprego, serem de baixa escolaridade, enfim, de baixa renda. Conheço várias pessoas que tem os garçons como uma casta inferior. Conheci um garçom que atendia as vezes a melhor amiga da esposa dele. Essa amiga (e a esposa dele tmb) eram loiras de olhos azuis. E o marido dessa outra tem um cargo de liderança na Honda. Pois essa moça vivia humilhando a profissão de garçom e chegava a dizer para a amiga separar-se do marido por ele ser pobre (na cabeça dela). Então, em primeiro lugar há essa associação entre garçom e baixa renda.
Segundo que nem todo negro é pobre. Alguns há que são bem ricos, porém são muito poucos face a maioria deles.
Portanto a associação dele com um garçom revela algumas coisas sobre ele e sobre ela:
1. Ela associou um negro a um garçom, o que pode ou não ter tido motivação racista inconsciente dela. Não dá para provar. Daí o chilique dele não ter sentido, a não ser, como o colega falou anteriormente, pelo fato dele trazer em si uma carga de de emoções, vivencias e experiências negativas.
2. Ele pensou que ela o associou a garçom e portanto a pobre, o que revela um possível preconceito dele com pobres. E isso corroborado pela própria publicação dele (li em outros sites) ao explicar que é negro, bem nascido e bem criado, além do sarcasmo em querer pagar a conta do casal.
Assim, houve preconceito dos dois lados, discriminação dos dois lados. Dela (possivelmente) com negros e pobres e dele com pobres e garçons.
Vale ressaltar que baseamo-nos no relato do amigo da moça, o que não revela se é verdadeiro tampouco o tom de voz usado por ela.
Fato é que brasileiro faz associações entre negros, pobres e profissões de baixa renda, quando não com criminalidade. Fato é que brasileiro não fala por favor, obrigado, bom dia nem boa noite a "subalternos" ou profissionais de baixa renda ou com profissões de pouco prestígio, principalmente fora do país, mas também dentro dele.
Preconceituosos, discriminadores, mal-educados. Pessoinhas com complexo de vira-latas que compensam isso pisando nos seus iguais. É o que muitos de nós temos sido, consciente ou inconscientemente.