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Mike é meu lutador favorito de todos os tempos, porque ele é um puta monstro – dificil transcrever em termos simples, mas de todas as modalidades da luta em pé, essa é a mais difícil de nocautear alguém no primeiro round, tanto pelos caras chegarem descansados e muito mais reativos, e enxergando toda a troca de golpes (é muito mais difícil nocautear alguém que vê o que tu joga ou já tá esperando aquilo que um golpe não necessariamente tão forte, mas que tu não esteja esperando e não tem uma reação reflexiva quanto àquilo – a maioria dos caras que ficam bons mesmo em nocaute são os que conseguem contornar essa barreira reativa) quanto pelo boxe ser só um quarto da possibilidade total da luta em pé, então a profundidade da eficiência mecânica (defensiva nesse caso) é muito maior que em qualquer outra coisa; e como o Joe Rogan falou, as lutas do Mike consistiam em execuções, se fosse em MCOC ele seria a Ghost; a mecânica de efeito dela consiste em multiplicadores de dano (os melhores do jogo), acertos críticos garantidos e um estado especial chamado Phasing, em que tu não pode ser atingido quando tá nele; Legal que, se você sofrer com uma debilitação de dano, você pode entrar em Phasing e converter essa debilitação de dano em um buff que aumenta sua própria taxa de dano, e eu acho isso muito bonito, essa capacidade de destruir absolutamente e nunca ser tocado de volta, como uma entidade invisível (um fantasma) com um martelo na mão; ela, como o Mike na vida real, THE ULTIMATE COUNTER-ATTACKER.

Mas em questão de puro gênio e força de personalidade, esse cara é a coisa mais perfeita que já existiu nesse esporte. Até pela pela quebra do modelo convencional (disruptivo by Ratio), ele injetou muito mais ritmo e atletismo do que qualquer um antes dele – ele é o protótipo fundador de todo Naseem e Roy Jones Jr. que existe, quando os caras se tornam um glitch (uma anomalia) e se esquecem que são só homens.

https://m.youtube.com/shorts/N-08jTHuwYo

O que é engraçado é que o processo de freakization dessa geração foi o que definiu a formação do próprio Mike. Os lutadores da época se apoiaram muito mais em um componente monstruoso – que é definidor pra geração atual – que nos fundamentos convencionais da luta, e a técnica não era tão pura quanto o que tu via antigamente – em um sentido estritamente técnico e tático nenhuma geração chegou perto de performar tanto quanto as gerações mais antigas, mas também, ninguém gosta de assistir gravação velha (eu não assisto luta NEM A PAU hoje em dia). O gênio da formação do Mike é que ele foi criado pra evadir e counteract o estilo dos maiores lutadores daquela geração: Ali, Foreman, Frazier e Liston. E de uma forma meio estranha ele reflete todos eles. Até o Ali. Não parece tanto, mas daí tu lembra que o maior counter de todos os tempos não foi sequer um golpe do quadril.
O Mike não socava de forma convencional usando o quadril, mas era muito mais orientado nesse estilo explosivo e aéreo de conectar de um ângulo vazio e imprevisto (exatamente o que foi a interação e nocaute Ali-Liston), justamente pra contrariar e contornar a mecânica convencional. Por isso ele era tão destrutivo, cada soco que ele deu foi um phantom punch...

Vi esse short, todos aí são famosos, mas o Gerald McClellan não é tanto. Eu gosto muito das lutas dele, um dos com maior poder de nocaute P4P da história. A última luta dele, contra Nigel Benn (The Dark Destroyer, outro power puncher supremo), deixou ele lesado – teve algumas sujeiras do Nigel que favoreceu o dano cerebral, mas não deixa de ser uma luta muito boa.