Escrever isso aqui vai ser difícil pra caralho. Quem me conhece sabe que sou muito reservada e mal posto no facebook.
Obrigada amigas, amigas de amigas, mulheres e principalmente Luiza Rocha por ter mostrado tanta coragem e me inspirado a contar minha história também.
Assim como todas as mulheres, já tive o cabelo puxado, o corpo alisado, o medo extremo de andar desacompanhada. Já sofri assédio verbal, já fui perseguida pela rua (com essa mesma amiga que citei) por ter respondido à um operário que queria - em suas palavras - 'me comer todinha'. Na rua, no
Relato da Luisa Guimarães
ônibus, em festa, na faculdade, dia, noite, com 12 anos ou 22.
Mas vou limitar essa história ao meu #12345678910assédio, o mais sério, o que quase me destruiu.
Começo deste ano, festinha na casa de um amigo, muito alcool, aquele programinha normal de sábado a noite. No fim da noite: ''vou chamar um taxi pra ir embora'' Quem nunca, né?
Entro no taxi e falo meu destino.. ele segue até que faz uma curva desconhecida pra mim: Moço, você esta indo pro lado errado''.. ''Não tô não''.
Penso: Ta acontecendo.
Tento abrir a porta pra me jogar pra fora do taxi, mas a tranca não tem pino. Percebendo minha tentativa ele tira uma arma debaixo do seu banco e aponta pra mim. E assim ficou o resto do caminho. Chegando no destino que ele havia escolhido pra mim, mais uma surpresa- ele tinha chamado um amigo para compartilhar essa vitória.
Lembro de pedaços: Dor, muita dor. A sensação de uma arma na minha cabeça. As risadas causadas pelo meu desespero, e o mais aterrorizante: A certeza de que ia morrer. Me entreguei, desisti, desmaiei. Acordei horas depois, já de dia, com ele me jogando pra fora do taxi, exatamente onde tinha me buscado - na são clemente, zona sul do RJ. (educado né?).
O resto do dia foi uma sequência de flashes: minha familia inteira na minha casa, médicos, psiquiatra, remédios (PILULA DO DIA SEGUINTE.) Tudo isso entre o meu sono. Dormi o dia inteiro, e os outros três proximos, fugindo da dor física e emocional.
Achei que tivesse acabado, que tivesse passado.. mas pelos meses que seguiram fui obrigada a tomar um coquetel anti-aids: 6 cápsulas por dia que me deixavam enjoada e desregularam completamente o meu organismo e exames de sangue mensais. Fico aliviada que esse tratamento termina 11/11, quando tomarei a terceira e última vacina contra hepatite b.
No fim, tive a sorte de receber resultados negativos durante todo esse processo, não fiquei com cicatrizes da violência física. Decidi viver. Decidi que se o pior já tinha acontecido comigo, eu TINHA QUE sobreviver. Não poderia deixar que isso arruinasse minha vida. Foi difícil e muitas vezes pareceu impossível, mas hoje ando de cabeça erguida sabendo que o mais importante eu ainda tenho: a esperança de felicidade no futuro.
Tenho pesadelos, acordo desesperada. Tenho terror toda vez que entro em um taxi. Carrego comigo todos os dias o peso de um trauma.
Mas para todas vocês sobreviventes como eu, digo: Não deixem que te roubem a sua vida. Não dê a eles essa satisfação.
Para homens que acham que feminismo é mimimi: vocês não tem a menor idéia do que é ser uma mulher.
Para mim: Parabéns.
Porra achei muito pesado isso.

Algumas querem aparecer. Mas realmente, a mulhere mt vulnerável. Porra cansei de voltar bebado sem saber como cheguei em kasa. Realmente triste. Aí pensamos. Imagina a quantidade de mulheres que já sofreram abusos estupros e não correram atrás para não se expor, ou pq não teria como localizar o agressor