Specter escreveu: ↑24 Mai 2022 22:21
Caraio man, me convenceu a testar. Tenho aqui no gamepass e nunca experimentei.
É como Skyrim ambientado em um mundo pós-apocalíptico (Las Vegas, pra ser mais exato, de todos os lugares do mundo), só que muito, muito melhor; Eu gosto de Skyrim pela questão temática (como um grande, grandessíssimo entusiasta e leitor de longa data de Ficção Fantástica e Mitologia – o verso de TES é um dos mais finos que existem no universo dos games), do mapa e da exploração, mas mesmo nesse ponto FNV é muito melhor orientado e muito melhor produzido. Wordbuilding e storytelling ali é matéria de lenda, coisa de gênio, e a exploração tem um impacto muito mais significativo pra gameplay e pra história que em Skyrim, que tu pode andar a esmo e o máximo que vai te ocorrer é se deparar com um fantasma sem cabeça (ainda sim, os cenários são complemente incríveis – se muito, um pouco repetitivos – e completamente evocativos; não tem nada como caminhar por uma ruína ou em uma floresta em Skyrim). A questão da gameplay, FNV te dá um equilíbrio de classes muito melhor, e uma margem muito maior pra exercer potência de efeito, independente de como você decidir construir o seu personagem; Skyrim, apesar de dezenas de builds diferentes que vão ser uma merda completa, é muito fácil de contornar mesmo na dificuldade mais alta, e completamente linear em comparação (uma das primeiras coisas que tu pode fazer já no inicio é upar Sneak pra efeito máximo, e uma build stealth-based é praticamente invencível no jogo); FNV, os inimigos comuns não só são bem mais difíceis e os chefes supermanesque em dificuldades mais altas, como também, o Modo Hardcore é um pesadelo logístico e biológico. O jogo te dá uma grande história e gameplay, e te permite criar as condições de escalar pra uma experiência completamente diferente – não é só a dificuldade que aumenta, mas muitas perks e elementos da sua build em uma dificuldade vão ser inúteis em outra, então você precisa elevar sua consciência de todos os elementos do jogo pra conseguir escalar pra uma dificuldade nova e ter sucesso nela.
O jogos de Fallout são antológicos, e tem muito pouco efeito de continuidade como em TES (que tem um lore gigantesco compartilhado), mas se tu jogou os outros, vai ter sempre alguma referência sutil à serie ao longo do jogo. O Protagonista não recebe nenhuma história de fundo (coisa de completa raridade em Fallout), e nada se sabe além de ser uma fucking força da natureza (a história do jogo é basicamente que você levou dois tiros na cabeça, foi enterrado, sobreviveu e agora persegue o cara que atirou em você através de um deserto), mas as DLCs trazem a história para um âmbito pessoal (tudo o que te levou àquele ponto em primeiro lugar pode ser rastreado de volta a você – tende a ser obscurecido e lançado de maneira sutil, mas é tão bem elaborado que é difícil não perceber a implicação e a ironia das circunstâncias), e te colocam em rota de confronto com, basicamente, outro de você (superman vs superman). As DLCs são um aspecto essencial e inegociável do jogo (se tu não jogar elas você não jogou New Vegas), e não servem só pra atestar essa qualidade Dragon/Badmotherfuckerborn-like do personagem – embora seja sempre uma constante. Na verdade, elas são uma campanha alternativa à campanha regular do jogo, e se você optar, você pode terminar o jogo lá. Te peço pra não fazer elas antes de tu pegar o chip na segunda metade do jogo e estar em contato direto com Caesar. Em regra, a idéia é ir upperbuilded pro conteúdo especial (por motivos óbvios, tem coisas que se tu optar por enfrentar você morre em segundos), e também, muito do que acontece na história regular é de causa e efeito do que está rolando nas DLCs, então é ideal que tu vá familiarizado com o jogo antes de incursionar em terrenos mais elevados. E não teria graça nenhuma não jogar elas, são totalmente incríveis e te dão uma tonelada de história, compreensão de vários elementos do lore do jogo e até da série como um todo e vários novos itens – nas DLCs tu pega pelo menos duas versões superiores das melhores armaduras do jogo, e dezenas de itens que são melhorias do conteúdo regular, além de vários outros novos. É um daqueles jogos que valem completamente pelas DLCs (nesse sentido aí tem Mass Effect também, especialmente Citadel, do terceiro jogo; tu tem que jogar os dois primeiros jogos e exportar a história deles pra ter graça, mas vale muito a pena, esses jogos são completamente fodásticos, e quando tu chegar em Citadel, PQP, não tem nada em games que seja tão absurdamente divertido quanto aquilo – e como as DLCs de Fallout, os eventos te colocam em confronto com outro de você mesmo: superman vs superman). A ordem das DLCs são Dead Money, Honest Hearts, Old World Blues e Lonesome Road. As três primeiras é de boa jogar em qualquer ordem, mas de todo jeito recomendo essa ordem especifica, alternando as duas primeiras (Dead Money parece uma versão zumbi de Manhunt; Honest Hearts é bem normal em comparação, e tem o cenário mais limpo do jogo, incluindo chuva e um puta céu estrelado à noite, ao contrário do grande aterro radioativo que é o cenário normal do jogo e das outras DLCs). Lonesome Road tem que ser sempre a última.
O jogo é basicamente texto e exploração. Tu tem que ler e se manter atento na leitura, como se estivesse lendo um livro - eu sempre encaro dessa forma, e é por isso que eu gosto tanto de jogar, a dupla experiência de uma gameplay foda e presenciar uma história sempre tão incomparável. E tu tem que explorar, ir até os confins da terra, é dessa forma que tu vai esbarrar no conteúdo e se familiarizar com o jogo. Pra mim tem até uma conotação meio pessoal. Esse jogo foi lançado há doze anos, eu era moleque nessa época, e eu jogo ele várias vezes por ano desde então, então já é um negócio integrado à minha mentalidade. E eu sempre tive esse ímpeto de exploração e pisar em terreno desconhecido (tanto que eu saí de casa cedo, e muitas das dificuldades que eu encontrei na vida até hoje foi basicamente por ser só eu - como ser um canhão, muita potência e sem direção, kkk), então esse jogo pra mim foi amor à primeira vista. Isso que eu peguei a versão ultra-bugada da época - o Cyberpunk 2077 daquela geração. Enfim, bom jogo!