Então Bruno, eu temo que a gente esteja entrando em círculos. Eu concordo que não é legal Luan Santana ter cogitado em fazer uso da lei (eu pesquisei aqui rapidamente, e ele não fez. Mas existiu o projeto e foi aprovado, mas tiraram da reta certamente com medo da repercussão negativa).brunodsr escreveu: ↑26 Mai 2022 17:03Então, a minha crítica aí não é sobre onde você coloca o seu dinheiro, mas sobre os projetos aceitos para receberem estes recursos. Até onde eu sei, a Lei Rouanet não foi criada para evitar o uso político de recursos públicos. A ideia era fomentar e incentivar a cultura e ponto, não? Inclusive, só a título de curiosidade, é um programa liberal, viu? Assim como é também o Bolsa Família.
Acho zoado ver como projeto cultural uma turnê pelo Brasil inteiro, sem qualquer contrapartida ou algo que justifique o custeio do bagulho com recursos públicos. Tipo, o Luan Santana fez uso da verba, mas tocou numa cidadezinha X, onde a população jamais teria acesso a esse tipo de entretenimento, entendes?
Será que realmente precisava custear a vinda do Cirque Du Soleil? Esse é o problema. Se tal custeio fosse para viabilizar a apresentação sem entrada para a população de baixa renda, por exemplo, teria o meu apoio. Mas sabemos que não funciona assim.
Inclusive, tiveram que mudar algumas regras do jogo, dado que haviam projetos com receita recorrente lá, monopolizando a captação de recursos. Não que eu julgue correto direcionar recursos, mas, porra, maluco organizar a sua agenda com recurso público há anos? Tem algo errado aí, né?
Enfim, obg pela discussão sadia e respeitosa.
Abss
Mas veja, isso é dos males o menor. A primeira opção que seria um funcionário determinando que projeto merece ou não através de critérios subjetivos, como relevância cultural, seria muito pior. Acabaria, aí sim como já falei, em uso político dos recursos.
Tenho um amigo que é cineasta - a noite amarela e o nó do diabo, que recomendo, foram dirigidos por ele - e ele me fala do dinheiro que eles injetam nas cidades que gravam, e é coisa absurda: hotelaria, restaurantes, bares, mercado, padaria, staff local. É uma cidadezinha que recebe na casa de milhão de reais para gravação de um projeto desse que nem grande é. Agora imagina a grana que projetos grandes colocam? Cultura hoje gera 10x mais grana que turismo no Brasil. Então a se gente pega a segunda opção, que seria patrocinar apenas projetos pequenos, pode tá tirando um bom dinheiro de alguns locais que se beneficiariam dele.
Mas eu estou absolutamente de acordo que deixar apenas o mercado regular isso tudo com a livre escolha de empresas é maléfico (como todo livre mercado em todos os aspectos), por isso eu defendo, na grande maioria dos casos, um estado guiador de como as coisas devem funcionar, pois o empresário vai visar o lucro máximo sempre. Na minha opinião, eu não vejo problema no cirque du soleil ou Luan santana, desde que devidamente aptos, estarem na lista. Mas deveriam haver contrapartidas obrigatórias: ingressos sociais, porcentagem mínima do valor recebido gasto no local, contratação de staff local, etc. O retorno local é gigante e evita que o cara pegue dinheiro e vá gravar um filme em NY.