Advogados deixam a carreira devido a transtornos mentais

[Thecker]

Um professor meu uma vez falou que há 40 anos atrás se fosse perguntado para uma turma de 5º ano de direito quem pretendia prestar concurso público apenas cerca de 10% da sala diria que sim, sendo que todo o restante optaria pela advocacia. Na época "amarrava-se cachorro com linguiça" e ser advogado era sinônimo de ser bem sucedido e ganhar muito mais do que no setor público.

Hoje a situação se inverteu completamente. Todavia, há MUITOS bacharéis em direitos para suprir os poucos cargos públicos. Depois da expansão do Ensino Superior pelo Governo PT a coisa degringolou de vez. Faculdade de Direito não exige nenhuma estrutura para ser instalada além de uma sala e um quadro, às vezes nem isso. Basta uma sala, uma câmera e um professor e você consegue transmitir cursos de direito para o Brasil inteiro nessas universidades televisionadas. Daí ainda existe a falsa ilusão de que advocacia dá dinheiro e por conta disso direito ainda é um dos cursos mais procurados. Conforme mencionei uma vez aqui, eu morava em uma cidade de 35 mil habitantes com uma uniesquina que despejava no mercado cerca de 60 bacharéis em direito anualmente. A cidade tinha cerca de 350 advogados inscritos na OAB e incontáveis bacharéis trabalhando em sistema de escravo nos poucos escritórios que obtinham algum sucesso.

Muitas pessoas que trabalhavam como vendedores em loja de departamentos cursavam direito à noite almejando algum futuro melhor. Chega a ser um crime incutir essa perspectiva nessas pessoas. Os caras gastam o dinheiro suado e o pouco tempo livre para estudar um curso que não vai lhes servir para absolutamente nada profissionalmente. Considerando que o nível da faculdade é ruim, sequer na OAB conseguirão passar.

Eu já fui um advogado EXATAMENTE igual ao exemplo da Laura do tópico. Eu era formado pela melhor universidade da cidade (uma das melhores do país), cursava uma pós-graduação muito boa e caríssima, ia para o escritório com carro próprio e com ternos de grife para trabalhar igual a um camelo, ter responsabilidade de tocar ações de milhões em meu nome e ganhar R$ 1.000,00 na época, algo semelhante ao que uma faxineira ganhava. Até não haveria problema ganhar isso se houvesse alguma perspectiva de melhora, mas não havia nenhuma. Das 15 pessoas que trabalhavam no escritório, 14 tomavam Rivotril para dormir e se acalmar. Não aguentei 2 anos nesse esquema e acabei partindo para o ramo dos concursos públicos.

Alguém sabe dizer pq pagam tão pouco nesses escritórios?
Não tem nenhum aditivo de remuneração variável por metas?

[zehmetal]

Já fui advogado de escritório, famoso associado, e muito do relatado na notícia e tópico é isso mesmo.
Muita gente pra pouca oportunidade (boa).

Mas tbm sinto que a maioria dos advogados associados são tecnicamente medianos pra baixo. Seja por não ter vontade de fazer diferença, por não ter incentivo ($$) e n razões.

3 anos atrás resolvi mudar “de lado”, parar de ser associado e atender grandes empresas como o advogado que coloca o nome no processo (várias vezes em processos literalmente milionários), ganha pouco (pelo tanto de trabalho e responsabilidade) e é cobrado como se fosse dono.

Busquei especialização fora da área do Direito, montei um network, ajustei CV.. e hoje sou do departamento jurídico de uma startup daqui.

Extremamente mais dinâmico, resultados do trampo aparecem mto mais rápido, CLT (pra quem sempre foi associado, isso é um puta diferencial) e além de surgirem diversas oportunidades no mercado.

Quando estava no escritório, nunca fui chamado pra conhecer outra empresa/escritório.. agora, já fui chamado 4x para entrevistas, mesmo não aplicando pra nenhuma vaga.

[Tuf]

Eu sou advogado estou com a oab suspensa por conta de cargo público.

Eu nunca pensei em advogar. Mas já passei pela defensoria, TJ, procuradoria, fora o convívio com colegas que advogam.

Na Advocacia, pelo que eu vi há alguns caminhos:

1- melhor dos mundos. Vc vem de família rica com Contatos: a) O cara é sagaz, bilíngue, tem disposição, paciência, desenrolo, vc consegue entra num big escritório, ou num escritório médio e com o tempo vai fazer mais Contatos e vai levando clientes, se especializando, participando de congressos, e escrevendo , vc tende tudo p ficar, se manter rico e mais rico.

2- caminho mais normal de que advoga: sujeito entra num escritório trabalha igual uma mula num trabalho repetitivo. Não acrescenta nada ao escritório além desse trabalho. Esse se fode mt. Faz mt trabalho externo, mas com o passar do tempo vai ficando mais interno. Num escritório pequeno e exploráramos no melhor dos mundos ele atinge uns 4-5 mil. Num escritório maior ele consegue até uma 10 mil se conseguir coordenar algo. Geralmente o pessoal de classe/média, média alta e média baixa fica por aqui.

3- advogado autônomo: corre tudo o risco do negócio. É difícil e tem que ter paciência, desenrolo e disposição, correr atrás de cliente e identificar nichos para conseguir bater uns 10k por mês na média. É bom p quem tem outro trabalho e tem algum tempo.

4- concurseiro. É aquilo. Difícil p burro, mas é uma oportunidade de ganhar de início uma renda razoável sem ter que ficar sendo humilhado.

4- bacharel e advogado que não lidam com a área. Mts mal sabem pq fizeram direito. Saem da faculdade nem eles sabem como é alguns nem coragem de fazer oab tem. Tem gente que faz direito Só pelo conhecimento mesmo.

Direito/Advocacia, por mais que haja bastante faculdades é e sempre foi uma das profissões mais estressantes do mundo. Um advogado acomodado é a pior coisa que tem pq ele se queima rápido e não consegue cliente. Por exemplo um professor acomodado faz um concursinho p município e pode ficar nas aulinhas dele 2x na semana 20h.

Tem mt gente que advoga e tem imobiliária, corretora, etc.

Dependendo do que vc queira é melhor ir conversar com alguém que esteja onde vc pensa em estar p ver qual é.

Ótima síntese! Então, na real, estou fazendo para ter opções de concurso lá na frente mesmo. Já sou servidor público com um bom salário. O problema é que trabalho num órgão relativamente pequeno e sem muita progressão ou dptos para os quais eu deseje ir.

Como não quero voltar a fazer concurso para economista, já que nunca atuei na área, pensei em fazer direito - que sempre gostei. Mas vendo as perspectivas da advocacia, acho que teria que partir para concurso mesmo. O negócio é curtir o caminho, senão o cara não se forma. Ficar focado muito no objetivo de longo prazo no início e vendo o mercado agora, dá uma desanimada. Mas as coisas são cíclicas.

[Humpty Dumpty]

Alguém sabe dizer pq pagam tão pouco nesses escritórios?
Não tem nenhum aditivo de remuneração variável por metas?

Pelo simples fato que tem MUITO advogado na praça. Advogado é descartável. Nesses dois anos em que fiquei no escritório me tornei o mais antigo dos 8 associados do escritório. Isso mesmo, no período de 2 anos pelo menos 7 foram mandados embora e entraram outros 7 ou mais.

[Hans de Sulivan]

Pelo simples fato que tem MUITO advogado na praça. Advogado é descartável. Nesses dois anos em que fiquei no escritório me tornei o mais antigo dos 8 associados do escritório. Isso mesmo, no período de 2 anos pelo menos 7 foram mandados embora e entraram outros 7 ou mais.

Exato. O que poderiam ter feito aqui é impedido de abrir tanta faculdade de direito e criado o curso de paralegal que tem nos EUA. Um técnico jurídico de 1,5 ou 2 anos p fazer esse trabalho mais repetitivo. Como se fossem técnico e analista do MP, Defensoria etc.

Um cara que se formou bem estudou bastante por pelo menos 5 anos e fez OAB. Botar esse cara p fazer trabalho repetitivo assim é foda. Mas é aquilo. Só tem isso.

[PHDookie]

Um professor meu uma vez falou que há 40 anos atrás se fosse perguntado para uma turma de 5º ano de direito quem pretendia prestar concurso público apenas cerca de 10% da sala diria que sim, sendo que todo o restante optaria pela advocacia. Na época "amarrava-se cachorro com linguiça" e ser advogado era sinônimo de ser bem sucedido e ganhar muito mais do que no setor público.

Hoje a situação se inverteu completamente. Todavia, há MUITOS bacharéis em direitos para suprir os poucos cargos públicos. Depois da expansão do Ensino Superior pelo Governo PT a coisa degringolou de vez. Faculdade de Direito não exige nenhuma estrutura para ser instalada além de uma sala e um quadro, às vezes nem isso. Basta uma sala, uma câmera e um professor e você consegue transmitir cursos de direito para o Brasil inteiro nessas universidades televisionadas. Daí ainda existe a falsa ilusão de que advocacia dá dinheiro e por conta disso direito ainda é um dos cursos mais procurados. Conforme mencionei uma vez aqui, eu morava em uma cidade de 35 mil habitantes com uma uniesquina que despejava no mercado cerca de 60 bacharéis em direito anualmente. A cidade tinha cerca de 350 advogados inscritos na OAB e incontáveis bacharéis trabalhando em sistema de escravo nos poucos escritórios que obtinham algum sucesso.

Muitas pessoas que trabalhavam como vendedores em loja de departamentos cursavam direito à noite almejando algum futuro melhor. Chega a ser um crime incutir essa perspectiva nessas pessoas. Os caras gastam o dinheiro suado e o pouco tempo livre para estudar um curso que não vai lhes servir para absolutamente nada profissionalmente. Considerando que o nível da faculdade é ruim, sequer na OAB conseguirão passar.

Eu já fui um advogado EXATAMENTE igual ao exemplo da Laura do tópico. Eu era formado pela melhor universidade da cidade (uma das melhores do país), cursava uma pós-graduação muito boa e caríssima, ia para o escritório com carro próprio e com ternos de grife para trabalhar igual a um camelo, ter responsabilidade de tocar ações de milhões em meu nome e ganhar R$ 1.000,00 na época, algo semelhante ao que uma faxineira ganhava. Até não haveria problema ganhar isso se houvesse alguma perspectiva de melhora, mas não havia nenhuma. Das 15 pessoas que trabalhavam no escritório, 14 tomavam Rivotril para dormir e se acalmar. Não aguentei 2 anos nesse esquema e acabei partindo para o ramo dos concursos públicos.

Pois é eu tive um professor que disse que ganhava 30 salários mínimos na década de 80 trabalhando com TI. Pq simplesmente não tinha gente.

Fora do país não e diferente daqui. A única diferença talvez seja o poder de compra lá fora...

[Carrapeta]

Pois é eu tive um professor que disse que ganhava 30 salários mínimos na década de 80 trabalhando com TI. Pq simplesmente não tinha gente.

Fora do país não e diferente daqui. A única diferença talvez seja o poder de compra lá fora...

Não é diferente em relação a área de TI, Direito ou qualquer outra existente no mercado?

[Sharivan]

A situação da advocacia no Brasil é, talvez, o maior exemplo de saturação de uma profissão: no final dos anos 1990 teve um boom de aberturas de faculdades, até porque é um curso muito fácil de se oferecer, vez que não demanda uma infraestrutura especial nem nada do tipo, o que aliado a fama de ganhar muito dinheiro, status e ao mesmo tempo não envolver ciências exatas (e brasileiro no geral sempre fugiu de matemática e afins), resultou e resulta na formação de uma quantidade absurdamente desnecessária de profissionais, sendo que há pelo menos uns 15 anos o próprio mercado de trabalho não demanda e nem comporta tantos bacharéis e advogados. Fora isso, o nível caiu drasticamente, tem muito "adevogado" que não sabe nem escrever corretamente. A OAB, por sua vez, sempre pecou na filtragem, tanto por meio da fiscalização de cursos quanto no próprio exame de acesso à classe, que de uns anos para cá se tornou mais fácil e passou a ser realizado quase que em três oportunidades por ano. Salvo engano, o Brasil é o país com a maior quantidade de advogados no mundo todo, fora bacharéis e rábulas! Quem pudera, qualquer cidadezinha tem duas ou três faculdades que oferecem o curso... O pessoal tem que se ligar, não tem mais espaço, é muita gente!

[PHDookie]

Não é diferente em relação a área de TI, Direito ou qualquer outra existente no mercado?

Brasil era rural mano só rico que estudava faltava mão de obra e quem tinha diploma era rei. Hoje o conhecimento está para todo mundo. E o stress e a vontade de mudar de profissão tbm não está restrito só ao direito. Acho q existe a frustração de estudar 4 anos e ganhar muito dinheiro....
Acredito q é assim em todo país do mundo, não só aqui.

[Anônimo]

O pai de uma colega estudou economia na UFF nos anos 70. Ele nos relatou que as empresas naquela época iam buscar os caras na faculdade. Tendo sido aprovado em uma universidade pública, você não ficava desempregado. Antigamente, quando uma empresa pedia inglês, era meio que aquele inglês básico. Hoje em dia, mesmo que você quase não use, exigem que seja fluente. Com tanta gente diplomada, o diferencial vai mudando a cada período e o sarrafo passa a ser mais elevado. Se grande parte dos formandos domina o inglês, são poucos os que fizeram um intercâmbio e tiveram uma experiência internacional. Atividades extra-curriculares tbm contam muito.

Esse não é um fenômeno brasileiro. Essa super oferta de diplomados acontece em diversos países. De alguma forma, o mercado sempre irá derrubar os salários e escolher aqueles que considera mais aderentes às vagas.

[Mr. Madruga]

O pai de uma colega estudou economia na UFF nos anos 70. Ele nos relatou que as empresas naquela época iam buscar os caras na faculdade. Tendo sido aprovado em uma universidade pública, você não ficava desempregado. Antigamente, quando uma empresa pedia inglês, era meio que aquele inglês básico. Hoje em dia, mesmo que você quase não use, exigem que seja fluente. Com tanta gente diplomada, o diferencial vai mudando a cada período e o sarrafo passa a ser mais elevado. Se grande parte dos formandos domina o inglês, são poucos os que fizeram um intercâmbio e tiveram uma experiência de um intercâmbio. Atividades extra-curriculares tbm contam muito.

Esse não é um fenômeno brasileiro. Essa super oferta de diplomados acontece em diversos países. De alguma forma, o mercado sempre irá derrubar os salários e escolher aqueles que considera mais aderentes às vagas.

A crise dos diplomas é bem presente tb nos Estados Unidos. O Ronny Coleman formou em contabilidade, ganhou bolsa por ser atleta, formou com méritos e dps de formado não conseguia emprego como contador, dps foi contratado pra ser polícia, aí a história dele dps os floristas marombeiros conhecem melhor.

Lá nos Estados Unidos as dívidas estudantis estão astronômicas e quem consegue emprego na área ganha bem menos do que se trabalhasse num emprego comum(falo de cursos menos tradicionais, sei lá, tipo artes, assistência social coisas do tipo).

[Fedor Machida]

Esse lance do passado de que quem fazia faculdade tava com a vida ganha era pq na época geral era analfabeto. Geral tinha só o primário, vivia na roça, etc.... Portanto, esses que tinham acesso a faculdade eram a elite da elite da época. Também sempre ouvimos falar que no passado as escolas públicas eram excelentes e quem teve essa base pública alcançou muitas coisas na vida. Devemos relembrar que o contexto era exatamente o mesmo: geral era analfabeto, vivia na roça, tinha que trabalhar cedo. Podem verificar que toda a geração pobre da geração dos nossos pais caem no que hoje é chamado de trabalho escravo/infantil. Ou seja, quem podia apenas estudar era elite. Hoje o contexto é diferente: todo mundo tem escola e o critério de seleção se torna cada vez mais elevado e restrito. As melhores empresas só selecionam alunos que tiveram intercambio internacional, alunos da puc cuja mensalidade é 4k/mês e é exigente, alunos do ITA, etc e etc... não adianta: pode ser o melhor aluno por onde vc passou mas se não tiver certos pré-requisitos não vai rolar; sad but true.

Fora que apenas elite consegue ter pai médico e filho médico, o pai dentista e filho dentista, pai advogado e filho advogado, dando no início da carreira o ponta pé inicial e todo o suporte para começar bem e com toda a tutoria possível. Tem a parte da sorte/história e tem a parte do mérito pq talvez essas famílias por gerações se estruturaram e se preparam para isso e um dia chegaram nisso. A minha, por exemplo, talvez precise de mais 1 ou 2 gerações para alcançar o que outras famílias já alcançaram em termos de estrutura mínima... enfim.

Vejo que o nível das coisas está muito confuso. Eu por exemplo trabalhei como técnico numa empresa onde vários colegas do mesmo cargo que o meu tinham curso superior em áreas afins!! Achei aquilo uma aberração e me provou de uma vez por todas de que caneco debaixo do braço não é sinônimo automático de que está tudo resolvido. Mas tb concordo com uma frase que li aqui no OFF no passado: "Nível superior hoje é igual ao antigo segundo grau; se vc não tiver te atrapalha mas se tiver tb não vai te ajudar em nada". É complicado. Mas uma coisa é certa: é melhor ser pobre sem dívida do que ser pobre com dívida do FIES.


"O sistema é foda parceiro" - Nascimento, Capitão


Isso aí do Colemman na no documentário dele no Netflix (The King).

[SUICIDAL]

Já fui advogado de escritório, famoso associado, e muito do relatado na notícia e tópico é isso mesmo.
Muita gente pra pouca oportunidade (boa).

Mas tbm sinto que a maioria dos advogados associados são tecnicamente medianos pra baixo. Seja por não ter vontade de fazer diferença, por não ter incentivo ($$) e n razões.

3 anos atrás resolvi mudar “de lado”, parar de ser associado e atender grandes empresas como o advogado que coloca o nome no processo (várias vezes em processos literalmente milionários), ganha pouco (pelo tanto de trabalho e responsabilidade) e é cobrado como se fosse dono.

Busquei especialização fora da área do Direito, montei um network, ajustei CV.. e hoje sou do departamento jurídico de uma startup daqui.

Extremamente mais dinâmico, resultados do trampo aparecem mto mais rápido, CLT (pra quem sempre foi associado, isso é um puta diferencial) e além de surgirem diversas oportunidades no mercado.

Quando estava no escritório, nunca fui chamado pra conhecer outra empresa/escritório.. agora, já fui chamado 4x para entrevistas, mesmo não aplicando pra nenhuma vaga.

Pode dissertar mais?

[Anônimo]

Esse lance do passado de que quem fazia faculdade tava com a vida ganha era pq na época geral era analfabeto. Geral tinha só o primário, vivia na roça, etc.... Portanto, esses que tinham acesso a faculdade eram a elite da elite da época. Também sempre ouvimos falar que no passado as escolas públicas eram excelentes e quem teve essa base pública alcançou muitas coisas na vida. Devemos relembrar que o contexto era exatamente o mesmo: geral era analfabeto, vivia na roça, tinha que trabalhar cedo. Podem verificar que toda a geração pobre da geração dos nossos pais caem no que hoje é chamado de trabalho escravo/infantil. Ou seja, quem podia apenas estudar era elite. Hoje o contexto é diferente: todo mundo tem escola e o critério de seleção se torna cada vez mais elevado e restrito. As melhores empresas só selecionam alunos que tiveram intercambio internacional, alunos da puc cuja mensalidade é 4k/mês e é exigente, alunos do ITA, etc e etc... não adianta: pode ser o melhor aluno por onde vc passou mas se não tiver certos pré-requisitos não vai rolar; sad but true.

Fora que apenas elite consegue ter pai médico e filho médico, o pai dentista e filho dentista, pai advogado e filho advogado, dando no início da carreira o ponta pé inicial e todo o suporte para começar bem e com toda a tutoria possível. Tem a parte da sorte/história e tem a parte do mérito pq talvez essas famílias por gerações se estruturaram e se preparam para isso e um dia chegaram nisso. A minha, por exemplo, talvez precise de mais 1 ou 2 gerações para alcançar o que outras famílias já alcançaram em termos de estrutura mínima... enfim.

Vejo que o nível das coisas está muito confuso. Eu por exemplo trabalhei como técnico numa empresa onde vários colegas do mesmo cargo que o meu tinham curso superior em áreas afins!! Achei aquilo uma aberração e me provou de uma vez por todas de que caneco debaixo do braço não é sinônimo automático de que está tudo resolvido. Mas tb concordo com uma frase que li aqui no OFF no passado: "Nível superior hoje é igual ao antigo segundo grau; se vc não tiver te atrapalha mas se tiver tb não vai te ajudar em nada". É complicado. Mas uma coisa é certa: é melhor ser pobre sem dívida do que ser pobre com dívida do FIES.


"O sistema é foda parceiro" - Nascimento, Capitão


Isso aí do Colemman na no documentário dele no Netflix (The King).

Então, mas se você pegar uma galera que fez faculdade no fim dos anos 80, mesmo de segunda linha, muitos conseguiam bons empregos. Conheço uma galera que estudou na Celso Lisboa, uma faculdade de que fica na Zona Norte do Rio. Uma é psicóloga e a outra é química. Ambas têm empregos muito bons e não têm o combo inglês fluente + intercâmbio internacional, contudo, eram pessoas que corriam atrás. Atualmente, o cara se forma em uma faculdade de primeira linha, despeja o currículo em vários lugares, e mal é chamado para uma entrevista.

Mas uma coisa que noto é que essa galera, como essas duas que citei, trabalharam em empresas no subúrbio e Jacarepaguá que hoje não existem mais. Ou seja, eram empresas de médio e grande porte que desapareceram ou se mudaram para outras regiões. Mesmo não tendo uma formação top, elas conseguiam bons empregos na época. Hoje, cada vaga disponível é disputada por uma galera super capacitada.

[zehmetal]

Pode dissertar mais?

Sobre qual parte mestre?
A princípio sim