A desconhecida ação judicial com que advogado negro libertou 217 escravizados no século 19

[Baden]

Sem pistas cara, curiosidade mesmo sobre o tema que você possa ter pesquisado mesmo e nem se preocupe que de mim nunca partirá nada contra sua vida pessoal, gosto bastante de história.

A questão da relevância é porque invariavelmente mesmo em tempos de maior incentivo à pesquisa é muito difícil prover bolsa para todos. Então é preciso elencar de alguma forma seja através da distribuição de bolsas aos professores ou mesmo os objetos pesquisados.

Compreendo ser quase impossível a dedicação a um mestrado ou doutorado acadêmico sem bolsa, mas, por outro lado também vejo algumas pesquisas desenvolvidas com dinheiro e simplesmente não compreendo como se destina dinheiro a isso em detrimento a temas de grande interesse e que agregam como essa do tópico, o sobre atividades lúdicas na pandemia ou mesmo a que você citou que originou o documentário e eu não conhecia. A minha ex por exemplo, é jornalista, o TCC dela rendeu um livro e fizeram até reportagem e foi algo bem legal porque era um resgate de um tema bem específico.

Para exemplificar a qual tipo me refiro segue lista abaixo:

1) Fazer banheirão: as dinâmicas das interações homoeróticas na Estação da Lapa e adjacências. (Mestrado em Antropologia na Universidade Federal da Bahia.)
2) A estética Funk Carioca: criação e conectividade em Mr. Catra. (Doutorado em Sociologia e Antropologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro.)
3) Mulheres perigosas: uma análise da categoria piriguete. (Mestrado em Sociologia e Antropologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro)
4) A Zuadinha é tá, tá, tá, tá: representação sobre a sexualidade e o corpo feminino negro. (Mestrado em Ciências Sociais na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. )
5) Erótica dos signos nos aplicativos de pegação: processos multissemióticos em performances íntimo-espetaculares de si. (Mestrado em Linguística Aplicada na Universidade Federal do Rio de Janeiro.)
6) Personagens emolduradas: os discursos de gênero e sexualidade no Big Brother Brasil 10. ( Mestrado em Antropologia Social na Universidade Federal de Goiás.)
7) “Agora eu fiquei doce”: o discurso da autoestima no sertanejo universitário. (Mestrado em Linguística e Língua Portuguesa na Universidade Estadual Paulista (Unesp))
8) O herói na forma e no conteúdo: análise textual do mangá “Dragon Ball” e “Dragon Ball Z”‘ ( Mestrado em Comunicação e Cultura Contemporânea, Universidade Federal da Bahia.)
9) Experimenta-te a ti mesmo: Felipe Neto em performance no YouTube (Mestrado em Comunicação Social na Universidade Federal de Minas Gerais)
10) A pedofilia e suas narrativas: uma genealogia do processo de criminalização da pedofilia no Brasil (Doutorado em Sociologia na Universidade de São Paulo)

http://www.midia.uff.br/metodologia/?p=170001

Ron, o que ocorre eh que ja existem muitas teorias pra embasar esses tipos de tema que talvez pareçam insolitos

Eh preciso ver o projeto, como a proposta foi defendida, incluindo sua relevancia. Acho que a relevancia de muitos deles eh ate evidente, porque abordam minorias e comunidades perifericas, que tradicionalmente ficam sem historia, a margem dela.

Entao existem essas propostas, de se estudar justamente aqueles objetos que a principio nao sao considerados importantes ou dignos de serem analisados. Eh uma proposta de valorizaçao das micro.historias, das dimensoes sociais marginalizadas. Tem muito a ver com discussoes que ja foram feitas, sobre o papel da historia, da antropologia, da sociologia etc.

Tem o outro lado tbm, que voce pode usar como contraponto pra esclarecer as coisas. Por exemplo, quem vai dizer que a revoluçao francesa nao eh um tema relevante? Mas sera que eh relevante fazer mais um estudo sobre a revoluçao francesa quando ja existem inumeros trabalhos sobre isso? Nesse sentido eh que esses objetos menos estudados, e ate insolitos, surgem como um campo mais fertil, porque menos desgastado.

Outra coisa que voce pode notar... O tema do advogado, que voce acha hoje importante, provavelmente nao seria tambem considerado digno de estudo na epoca, nao seria um tema academico de legitimo valor. Esses trabalhos citados pretendem justamente evitar esse procedimento do passado, que criava uma hierarquia de temas, deixando varios de fora, como insignificantes, irrelevantes etc. Eles partem justamente de uma outra concepçao de legitimidade da coisa a ser estudada. Vem de muitas discussoes ja ocorridas no campo das ciencias humanas, que ressaltaram noçoes de micro.narrativas, micro.poder etc.

Mas nem todo mundo opta por esse caminho e nem todo mundo provavelmente topa orientar.