A singular saga de stefan mandel, o matemático que ganhou na loteria 14 vezes
Enviado: 13 Mai 2020 18:21
Depois de desenvolver uma linha de raciocínio, Stefan fugiu da União Soviética e passou a faturar com as apostas.
Ganhar a loteria uma vez pode ser considerado uma tarefa quase impossível. No entanto, um matemático da Romênia conseguiu o notório feito de ganhar 14 vezes na loteria enquanto morava na antiga União Soviética.
A vida no regime soviético era caracterizada pelo dinheiro contado e economias escassas. Muitas famílias se encontravam em dilemas éticos para se sustentar; existiam pessoas que cometiam ações ilegais e as que fugiam para o Ocidente. Diante dessa realidade, Stefan Mandel, o contador e matemático romeno, descobriu uma maneira de ganhar dinheiro.
Mandel acreditava que a matemática, quando aplicada apropriadamente, poderia resultar numa fortuna. E foi exatamente isso que fez. Seu plano, na realidade, era muito simples: apostaria todas as combinações possíveis nas loterias que tinham um prêmio, pelo menos, três vezes maior que o dinheiro necessário para fazer os jogos.
Por exemplo, em uma loteria de seis números, que vão de 1 a 40, as possibilidades de jogos são de quase 4 milhões. Portanto, ele somente apostaria nos jogos que valiam mais de 12 milhões — importante levar em consideração que os jogos custavam 1 dólar.
Mandel teria que investir o triplo. Seria a única forma de lucrar com o método, já que teria que cobrir o investimento feito com todos os jogos. O problema era, justamente, a logística necessária para colocar o plano em prática.
Depois de escolher a loteria em que seria possível realizar o plano, o romeno reuniu um grupo de investidores. Eles deveriam investir alguns milhares de dólares. Com o dinheiro, Mandel iria imprimir cada um dos jogos possíveis, passar em uma lotérica e então os validar. Depois de ganhar, o prêmio seria dividido igualmente entre os investidores.
A primeira vez que realizou o plano com sucesso foi em sua terra natal, com um grupo de amigos da Romênia. O esquema rendeu ao matemático quase 20 mil dólares, o suficiente para que conseguisse subornar autoridades do governo com o objetivo de se mudar para o Ocidente.
Apesar de ter faturado 20 mil, somente um quinto da quantia ficou em sua conta: ele teve que pagar os investidores e todas as pessoas a quem devia.
Adeus, Romênia
Fora do país, Stefan não abandonou o plano, e quis transformar a loteria num negócio, tendo feito o mesmo modelo em jogos no Reino Unido e na Austrália. Mas nem tudo foi fácil. No começo o matemático tinha que fazer combinações à mão, muito suscetível ao erro humano.
E mesmo quando tornou o processo mais simples, seus ganhos não eram tão grandes em relação aos prêmios. Em 1987, depois de ter conseguido 1,3 milhão de dólares, ficou somente com 97 mil dólares depois de dividir o valor entre os investidores. Porém, de pouco em pouco, depois de se estabelecer na Austrália, conseguiu aperfeiçoar ainda mais seus jogos.
Computadores
Na mesma época, o mundo estava diante da popularização das centrais de processamento, as CPUs. Stefan se conectou a essas mudanças, e criou um programa para que as máquinas conseguissem preencher os tíquetes de loteria sem o esforço humano total.
Ao mesmo tempo, reuniu e solidificou o mesmo grupo de investidores que iriam o acompanhar em todos os jogos, além de procurar as loterias que mais se adequassem ao modelo de 1 para 3 (o prêmio ser o triplo do valor gasto).
Durante a década de 80, o chamado Sindicato da Loto — nome dado ao grupo do romeno — acertou 12 prêmios máximos e lucrou outros 400 mil dólares em apostas menores. Como consequência, as organizações responsáveis pelo desenvolvimentos dos jogos tentaram mudar as leis do jogo de azar para que o grupo parasse de lucrar tanto. Mas isso só na Austrália.
Esquema internacional
Em 1992, o seu Sindicato tinha desmembramentos no exterior. O então alvo era a loteria da Virgínia, nos Estados Unidos, em que o prêmio era de 27 milhões de dólares. Anithalee Alex, que era o contato de Stefan na América do Norte, ficou encarregado de processar mais de 7 milhões de bilhetes de loteria ao redor de todo o estado da Virginia.
Claro que esse processo irritava os atendentes das lojas de conveniência onde esses jogos eram geralmente feitos, mas não tinha nada de ilegal em fazer inúmeras apostas de uma só vez. O sistema deu certo, e Mandel ganhou os 27 milhões de dólares.
Todavia, a vitória levantou a suspeita de autoridades federais, como o FBI e até a CIA, que interrogaram o homem. Foi em vão: Stefan foi declarado inocente. Com o prêmio em mãos, ele faturou mais de 15 milhões de dólares, lucrando muito mais que nos outros episódios, pagando o valor dos investidores.
Legado
Depois de desvendado o mistério de como ganhar na loteria, e do caso de Stefan Mendel rodar o mundo inteiro, as loterias tiveram que mudar suas estruturas.
Nos Estados Unidos, por exemplo, as pessoas não podem mais imprimir os bilhetes em suas casas, além de ser proibido comprar inúmeros de jogos diferentes nas cabines de venda.
Quanto a Stefan, ele se aposentou oficialmente da vida de apostador, e vive em uma ilha na costa australiana, aproveitando de sua “sortuda” fortuna.
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/ ... ezes.phtml
Ganhar a loteria uma vez pode ser considerado uma tarefa quase impossível. No entanto, um matemático da Romênia conseguiu o notório feito de ganhar 14 vezes na loteria enquanto morava na antiga União Soviética.
A vida no regime soviético era caracterizada pelo dinheiro contado e economias escassas. Muitas famílias se encontravam em dilemas éticos para se sustentar; existiam pessoas que cometiam ações ilegais e as que fugiam para o Ocidente. Diante dessa realidade, Stefan Mandel, o contador e matemático romeno, descobriu uma maneira de ganhar dinheiro.
Mandel acreditava que a matemática, quando aplicada apropriadamente, poderia resultar numa fortuna. E foi exatamente isso que fez. Seu plano, na realidade, era muito simples: apostaria todas as combinações possíveis nas loterias que tinham um prêmio, pelo menos, três vezes maior que o dinheiro necessário para fazer os jogos.
Por exemplo, em uma loteria de seis números, que vão de 1 a 40, as possibilidades de jogos são de quase 4 milhões. Portanto, ele somente apostaria nos jogos que valiam mais de 12 milhões — importante levar em consideração que os jogos custavam 1 dólar.
Mandel teria que investir o triplo. Seria a única forma de lucrar com o método, já que teria que cobrir o investimento feito com todos os jogos. O problema era, justamente, a logística necessária para colocar o plano em prática.
Depois de escolher a loteria em que seria possível realizar o plano, o romeno reuniu um grupo de investidores. Eles deveriam investir alguns milhares de dólares. Com o dinheiro, Mandel iria imprimir cada um dos jogos possíveis, passar em uma lotérica e então os validar. Depois de ganhar, o prêmio seria dividido igualmente entre os investidores.
A primeira vez que realizou o plano com sucesso foi em sua terra natal, com um grupo de amigos da Romênia. O esquema rendeu ao matemático quase 20 mil dólares, o suficiente para que conseguisse subornar autoridades do governo com o objetivo de se mudar para o Ocidente.
Apesar de ter faturado 20 mil, somente um quinto da quantia ficou em sua conta: ele teve que pagar os investidores e todas as pessoas a quem devia.
Adeus, Romênia
Fora do país, Stefan não abandonou o plano, e quis transformar a loteria num negócio, tendo feito o mesmo modelo em jogos no Reino Unido e na Austrália. Mas nem tudo foi fácil. No começo o matemático tinha que fazer combinações à mão, muito suscetível ao erro humano.
E mesmo quando tornou o processo mais simples, seus ganhos não eram tão grandes em relação aos prêmios. Em 1987, depois de ter conseguido 1,3 milhão de dólares, ficou somente com 97 mil dólares depois de dividir o valor entre os investidores. Porém, de pouco em pouco, depois de se estabelecer na Austrália, conseguiu aperfeiçoar ainda mais seus jogos.
Computadores
Na mesma época, o mundo estava diante da popularização das centrais de processamento, as CPUs. Stefan se conectou a essas mudanças, e criou um programa para que as máquinas conseguissem preencher os tíquetes de loteria sem o esforço humano total.
Ao mesmo tempo, reuniu e solidificou o mesmo grupo de investidores que iriam o acompanhar em todos os jogos, além de procurar as loterias que mais se adequassem ao modelo de 1 para 3 (o prêmio ser o triplo do valor gasto).
Durante a década de 80, o chamado Sindicato da Loto — nome dado ao grupo do romeno — acertou 12 prêmios máximos e lucrou outros 400 mil dólares em apostas menores. Como consequência, as organizações responsáveis pelo desenvolvimentos dos jogos tentaram mudar as leis do jogo de azar para que o grupo parasse de lucrar tanto. Mas isso só na Austrália.
Esquema internacional
Em 1992, o seu Sindicato tinha desmembramentos no exterior. O então alvo era a loteria da Virgínia, nos Estados Unidos, em que o prêmio era de 27 milhões de dólares. Anithalee Alex, que era o contato de Stefan na América do Norte, ficou encarregado de processar mais de 7 milhões de bilhetes de loteria ao redor de todo o estado da Virginia.
Claro que esse processo irritava os atendentes das lojas de conveniência onde esses jogos eram geralmente feitos, mas não tinha nada de ilegal em fazer inúmeras apostas de uma só vez. O sistema deu certo, e Mandel ganhou os 27 milhões de dólares.
Todavia, a vitória levantou a suspeita de autoridades federais, como o FBI e até a CIA, que interrogaram o homem. Foi em vão: Stefan foi declarado inocente. Com o prêmio em mãos, ele faturou mais de 15 milhões de dólares, lucrando muito mais que nos outros episódios, pagando o valor dos investidores.
Legado
Depois de desvendado o mistério de como ganhar na loteria, e do caso de Stefan Mendel rodar o mundo inteiro, as loterias tiveram que mudar suas estruturas.
Nos Estados Unidos, por exemplo, as pessoas não podem mais imprimir os bilhetes em suas casas, além de ser proibido comprar inúmeros de jogos diferentes nas cabines de venda.
Quanto a Stefan, ele se aposentou oficialmente da vida de apostador, e vive em uma ilha na costa australiana, aproveitando de sua “sortuda” fortuna.
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