8 Anos sem Ryan Gracie

Assuntos gerais que não se enquadrem nos fóruns oficiais serão discutidos aqui.
PHDookie
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Re: 8 Anos sem Ryan Gracie

Mensagem por PHDookie » 21 Jan 2016 15:23

VagabondMusashi escreveu:Eu acho comedia essas historias pq naquela epoca, no interior de PE onde eu passava ferias, gente assim nao durava uma semana..... arruaceiro sempre se fudia.... todo mundo sabia quem era ja, quando morria a galera nem erguia uma sobrancelha...

Voce mexer com mulher ali, o cara eh obrigado a te matar ou se desmoraliza na regiao inteira..... mesmo sem ele querer, tem que te achar e meter tiro. E voce surrar um cara, pode sumir da regiao e ir pra SP pq ele vai te pegar, ou algum primo, parente, amigo ou matador, seja com foice faca ou pistola o fato eh que tu ja era.

Talvez por isso a civilidade tenha reinado, nao sei. So me lembro um dia ir brincar na praca com as criancas e ter uma multidao ao redor de Belzin de Irineu com uma foice na cabeca.... tinha boato que tinha comido a mulher de um cara la de um sitio... ninguem nem sabia se era verdade. E quando disseram que Marinaldo tinha comido a mulher de nao sei quem, ele teve que ir pra SP e so voltou ha uns 2 anos, eh professor agora, depois que o cara morreu.

Eu tenho um tio, marido da irma do meu pai, que levou tres tiros no peito de outro tio ( irmao do meu pai). Esse primeiro era casado com minha tia que era a cacula da familia... e o outro era o segundo cacula, eles eram muito proximos, sei que o tavam bebados e o primeiro falou alguma coisa de ruim da minha tia, esposa dele.... bem, meu outro tio nao gostou, foi la dentro, buscou o 38 e meteu-lhe bala. Furou um pulmao, pneumotorax, quase coracao, nao morreu por pouco. Isso foi antes de eu nascer. Hoje ainda sao amicissimos e ha muito ficou no passado.

Nego arruaceiro tirador de onda so numa terra como o rio mesmo, onde ninguem anda armado e nao tem obrigacao moral de interferir em putaria dessa. Aquela historia da privada mesmo, nossa, nao tinha sobrado um.... provavelmente iam fazer o caboclo engolir a porcelana ali na rua ate morrer.

Sou de uma região de minas + ou - assim(morava próximo ao vale do Jequitinhonha). Não só em questão de mulher, mas de briga tbm. O cara que tomava prejuízo na maioria das vzs cobrava a conta depois na base da bala, facada, paulada o que tivesse e isso desde que me entendo por gente, quando criança década de 90 ja vi um cara abrir a cabeça de um conhecido com uma barra de ferro de montar palanque, o cara não morreu mas ficou sequelado isso meio que me traumatizou rs, nego correndo atrás de outro com foice pq tinha apanhado no dia anterior. Uma simples ameaça em discussão virar morte de quem ameaçou. Ja perdi vizinho assim, parentes tbm e é foda. Vc acaba refletindo que morreu de bobeira e mataram por bobeira.
Todo mundo fez ou faz merda na adolescencia só que chega uma hora que tem que parar rsrsr.

Por isso talvez a gente estranhe tanto alguém bater em tanta gente arrumar tanta treta como Ryan e ter vivido tanto rsrsrs. Costas quentes talvez, mexer com a turma certa talvez , sorte ou apenas a cultura do Rio, sei lá.
A escala de violência vai subindo, talvez se houvesse punição pelo que foi feito la atrás(para todos pobres e ricos do interior e da capital), hoje as coisas não estariam assim...

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Marcelo BJJ
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Re: 8 Anos sem Ryan Gracie

Mensagem por Marcelo BJJ » 21 Jan 2016 15:48

LAWYER escreveu:No nosso encontro em São Paulo, enquanto eu e Magrinho falávamos dessas merdas, tinha uma menina na mesa que começou a ficar de olho arregalado, meio apavorada... é foda. Eu guardo muito essas coisas comigo, e só recordo às vezes com um ou outro galeroso, às vezes num churrasco de final de ano que rola no Rio... Nem dá pra levar mulher e filhos. Vocês estão falando dos anos 90, mas o coro já cantava nas décadas anteriores, sempre rolou isso, mas a imprensa começou a vigiar mais e houve o "estouro" do JJ nos 90, então é isso.
As artes marciais estão estabelecidas hoje como esporte, esperança de vida e profissão digna para muitos. Eu não vou mais ficar recordando essa parte ruim, já deu. Sou um homem de meia idade e não cabe mais na minha vida ficar sofrendo, mimimi. Já purguei muita coisa, já deu. E há também a tendência, com o tempo, de virarmos um chato vitimista. Eu tenho essa tendência e isso também é um saco. De alguma forma espero que esses "posts" efêmeros sirvam pra alguma coisa, nem que seja um sinal de "pare".
O tempo é um modificador implacável, uma máquina de terraplenagem... Quem perambula pelo Fórum do Rio não imagina em quantos cascas-grossas esbarra, hoje carecas e metidos em ternos bem cortados. Há juízes, promotores, defensores, advogados... Eu sei quem eles são e o que fizeram, mas hoje todo mundo esconde. Nessa briga do MAM mesmo tinha um da CG que hoje é famoso promotor de justiça (também era especialista na dança do Didi), porrador da Young Flu, mas vai falar isso com ele hoje... Nego fez plástica na orelha e tudo pra esconder, hehehe!
Sempre acho que a criança e o jovem são a chave de tudo, para o bem e para o mal. Se bem orientados buscarão as boas atitudes, o lado do bem. Isso depende muito de família e educação. Não tive uma vida familiar legal, muitos problemas. Procurei amparo e direção em Mestres do Karate, do Jiu-Jitsu, do Judo QUE ME ENSINARAM MUITA COISA BOA! Mas... por outro lado havia esse orgulho em ter alunos guerreiros, soldados obedientes, que derramariam sangue sem pensar muito por bandeiras e equipes numa era pré-valetudo. Fui um soldado. Comprei brigas que nem eram minhas. Outros caras compraram brigas que eram minhas. Havia um sentimento de irmandade descomunal e só encontrei similar no Exército.
Isso tudo passou, tá perdido na poeira do tempo, ninguém precisa ficar puto. São memórias tolas de homens que um dia foram tolos, não são mais...
Fiquem bem, não faltem ao treino de hoje!
Não precisa falar mais nada, esse post resume tudo com maestria, principalmente parte de ser soldado. Encontrei recentemente um faixa preta de LLE da época em que treinei essa arte e durante a conversa perguntei:
- E ai ta treinando ainda?
- To sim
- La com o Mestre?
- Sim, to la com ele, mas hoje ta calmo, nada de mandar nego voltar nadando da Urca até Botafogo, nada de mandar nego subir em outdoor pra pegar âncora (tinha uma propaganda de cigarro que tinha uma ancora pendurada no alto do outdoor).
Dei uma risada e falei'
- Ainda bem né?
Ele riu e falou:
- Marcelo, o que a gente aprendia não era arte marcial, era guerrilha, ainda bem que as pessoas foram ficando mais seletivas e obrigaram as academias a se adaptarem para não perder aluno, eu mesmo nao colocaria meu filho pra treinar naquelas condições.
Até esse dia eu nao tinha visto por esse prisma, mas era realmente isso, era uma seita, uma irmandade, um quartel, o que o mestre falasse era lei e ai de quem não fizesse.

Abs

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Leo Ipanema
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Re: 8 Anos sem Ryan Gracie

Mensagem por Leo Ipanema » 21 Jan 2016 16:32

E o Linussp , sumiu pq ? Só relato massa e ele desapareceu .

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Marcial
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Re: 8 Anos sem Ryan Gracie

Mensagem por Marcial » 21 Jan 2016 17:08

Templo Jiu Jitsu escreveu:Posta as histórias aqui mestre.
Foram coisas que aconteceram, certo ou errado mas aconteceram e é algo que de certa maneira era corriqueiro. Manda as histórias.

Lawler, Marcial, Marcelo tbm podiam mandar mais histórias.

Fala Templo, acho que o Lawyer finalizou o tópico, com palavras que somente quem estava lá no olho do furacão poderia dizer. E a gente tem que agradecer, porque o mestre ainda escreve bem :)

Para mim, a diferença entre o que aconteceu no passado e o que acontece recentemente (nas brigas de TOs, por exemplo) está no contexto: naquela época, alguns comportamentos que hoje são considerados inadmissíveis eram não apenas tolerados, mas até estimulados, pelos mestres, pelas autoridades e até pelas famílias. Muitos aqui devem ter ouvido a famosa frase: "se apanhar na rua e voltar chorando, vai apanhar em casa também" :)

Foi justamente esse contexto que ajudou a formar, a ferro e fogo, a identidade dos estilos e artes marciais que temos hoje, especialmente o jiu-jtsu. Acho que o praticante atual do esporte pode até ficar horrorizado com essa história, mas deveria ter maturidade para compreendê-la. A proliferação das escolas e a popularidade da arte teve MUITO A VER com a coragem (e em muitos casos, a imaturidade, a imprudência e a crueldade) dos guerreiros que estavam nas linhas de frente destas confusões. Era a mentalidade vigente. Teve forista que reparou que a própria cobertura jornalística tratava coisas gravíssimas com alguma naturalidade e conivência...

De minha parte, como disse, na maioria das vezes fui coadjuvante, graças a Deus. Mas sei que fiz muita merda até os 20 anos (em 1995 me envolvi em uma briga séria em Jacarepaguá, em que rolou tiro, e tive de me esconder em Praia Seca durante um tempo) e não tenho nenhum orgulho disso. De algumas coisas me arrependo e de outras não, porque entendo que foram necessárias para que eu pudesse refletir e mudar.

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Marcial
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Re: 8 Anos sem Ryan Gracie

Mensagem por Marcial » 21 Jan 2016 17:43

Dumog escreveu:Amigos de fora do rj, essas confusões relatadas não acabavam em morte frequentemente porque aconteciam na zona sul e na barra.

Seria a mesma coisa que gangues de lutadores no jardins, morumbi em sp ou bairros chiques de suas cidades.

Na zona norte e oeste do rj se matava por nada nessa época .

Nessa epoca , na tijuca (que eh tipo um bairro de classe media da zn nem tao violento assim) um colega de escola foi preso por matar um cara numa dessas brigas de galera na saída de uma MATINÊ !

Festa de rua, de carnaval. Junina, etc. em del Castilho, engenho de dentro, piedade, Meier do chuck, etc., as confusões começavam na mão e terminavam na bala.

Realidades muito piores que as relatadas aqui eram a regra na cidade.
Pois é, o risco de levar bala já estava presente sim. Como exemplo, vou relatar uma das brigas em que fui protagonista e me arrependo do que fiz, tentando não me comprometer com detalhes. Em 1993, minha namorada na época começou a receber ligações de um engraçadinho, falando merda anonimamente no telefone. Como ela conhecia a turma que eu andava, de início nem quis falar comigo sobre o assunto, mas não teve como esconder quando começaram a xingar a avó que morava com ela, pelo telefone. Fiquei muito puto, tentando descobrir quem era para tomar as 'providências'. Todas as suspeitas recaíam sobre um cara da escola dela.

Pouco tempo depois, numa festa na área, fui abordado logo na entrada por esse cara e outro neguinho que estava com ele. A princípio, veio tomar satisfações porque eu estaria espalhando que "iria pegá-lo de porrada". Respondi que então seria ali mesmo, no mano a mano. Foi quando o neguinho levantou a barra da camisa e mostrou uma arma na cintura, dizendo que ele não resolvia as coisas na mão. Gelei. Por sorte, começou a chegar uma galera que jogava futebol comigo, aglomerando em torno. Depois do disse-me-disse, o cara garantiu que não era ele quem estava ligando, e o assunto 'morreu'. Menos pra mim, que não conseguia nem dormir direito depois de ser ameaçado de tomar tiro.

Um dos meus melhores amigos até hoje, frequentador de baile funk, descobriu quem estava ligando pra ela. Era um conhecido, que também fazia parte do bonde do funk, primo do cara. Subiu aquela montanha de merda pra cabeça, fiquei descontrolado. No mesmo dia, iria rolar uma festa na área do cara, eu sabia que ele ia estar lá. Fomos eu, esse meu amigo do funk e os dois amigos já citados que treinavam na Barra Gracie. Desci do carro sozinho, procurando o cara. Ele estava numa bicicleta, rindo, não sei se por deboche ou ingenuidade. Parti pra dentro sem conversa, e acertei um monte de soco na cara dele. Eu só lembrava do mestre dizendo: "se for brigar, dê a primeira porrada".

Juntou um bonde pra tomar satisfação, mas a galera que estava comigo entrou na frente pra me tirar dali. O neguinho que tinha me enquadrado estava lá, mas dessa vez tinha gente armada nos dois lados. "Foi mano a mano!". Meu único dano foram as marcas do dente do cara, que cortou minha mão direita. Mais tarde, o pai do cara foi com ele lá no meu condomínio, todo arrebentado, querendo que pagássemos o hospital. Minha mãe sofria muito com isso... :( Tive que passar um tempo na casa do meu pai, não podia nem pegar ônibus... Maior merda.

Hoje fico pensando sobre a idiotice de ir tomar satisfações com alguém, depois de já ter sido ameaçado com arma de fogo... Cabeça de merda, hormônio no pico, 'honra' que precisava ser defendida, um monte de coisas que, felizmente, não cabem mais. Mas ficou o aprendizado de uma experiência ruim, que foram se acumulando até que eu pudesse sair dessa lama mental :)

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Re: 8 Anos sem Ryan Gracie

Mensagem por Tony Fla » 21 Jan 2016 19:59

Dumog escreveu:Amigos de fora do rj, essas confusões relatadas não acabavam em morte frequentemente porque aconteciam na zona sul e na barra.

Seria a mesma coisa que gangues de lutadores no jardins, morumbi em sp ou bairros chiques de suas cidades.

Na zona norte e oeste do rj se matava por nada nessa época .

Nessa epoca , na tijuca (que eh tipo um bairro de classe media da zn nem tao violento assim) um colega de escola foi preso por matar um cara numa dessas brigas de galera na saída de uma MATINÊ !

Festa de rua, de carnaval. Junina, etc. em del Castilho, engenho de dentro, piedade, Meier do chuck, etc., as confusões começavam na mão e terminavam na bala.

Realidades muito piores que as relatadas aqui eram a regra na cidade.

Você estudou com o Saú?
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Re: 8 Anos sem Ryan Gracie

Mensagem por Birita » 21 Jan 2016 21:44

LAWYER escreveu:No nosso encontro em São Paulo, enquanto eu e Magrinho falávamos dessas merdas, tinha uma menina na mesa que começou a ficar de olho arregalado, meio apavorada... é foda. Eu guardo muito essas coisas comigo, e só recordo às vezes com um ou outro galeroso, às vezes num churrasco de final de ano que rola no Rio... Nem dá pra levar mulher e filhos. Vocês estão falando dos anos 90, mas o coro já cantava nas décadas anteriores, sempre rolou isso, mas a imprensa começou a vigiar mais e houve o "estouro" do JJ nos 90, então é isso.
As artes marciais estão estabelecidas hoje como esporte, esperança de vida e profissão digna para muitos. Eu não vou mais ficar recordando essa parte ruim, já deu. Sou um homem de meia idade e não cabe mais na minha vida ficar sofrendo, mimimi. Já purguei muita coisa, já deu. E há também a tendência, com o tempo, de virarmos um chato vitimista. Eu tenho essa tendência e isso também é um saco. De alguma forma espero que esses "posts" efêmeros sirvam pra alguma coisa, nem que seja um sinal de "pare".
O tempo é um modificador implacável, uma máquina de terraplenagem... Quem perambula pelo Fórum do Rio não imagina em quantos cascas-grossas esbarra, hoje carecas e metidos em ternos bem cortados. Há juízes, promotores, defensores, advogados... Eu sei quem eles são e o que fizeram, mas hoje todo mundo esconde. Nessa briga do MAM mesmo tinha um da CG que hoje é famoso promotor de justiça (também era especialista na dança do Didi), porrador da Young Flu, mas vai falar isso com ele hoje... Nego fez plástica na orelha e tudo pra esconder, hehehe!
Sempre acho que a criança e o jovem são a chave de tudo, para o bem e para o mal. Se bem orientados buscarão as boas atitudes, o lado do bem. Isso depende muito de família e educação. Não tive uma vida familiar legal, muitos problemas. Procurei amparo e direção em Mestres do Karate, do Jiu-Jitsu, do Judo QUE ME ENSINARAM MUITA COISA BOA! Mas... por outro lado havia esse orgulho em ter alunos guerreiros, soldados obedientes, que derramariam sangue sem pensar muito por bandeiras e equipes numa era pré-valetudo. Fui um soldado. Comprei brigas que nem eram minhas. Outros caras compraram brigas que eram minhas. Havia um sentimento de irmandade descomunal e só encontrei similar no Exército.
Isso tudo passou, tá perdido na poeira do tempo, ninguém precisa ficar puto. São memórias tolas de homens que um dia foram tolos, não são mais...
Fiquem bem, não faltem ao treino de hoje!
Diz quem é o promotor/ procurador....diz diz kkkkkkk te dou um doce!

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Carioca SP
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Re: 8 Anos sem Ryan Gracie

Mensagem por Carioca SP » 21 Jan 2016 22:06

Prefiro não postar mais sobre as confusões, mas ajudando um colega da época: rolou flexada naquela pracinha que tem na esquina da rua inhangá com barata Ribeiro, acho que por isso vc tem como referência o metro (a praça é em frente quase o metro).

Uma parada maneirissima que tinha nessa época, e que talvez fosse impensável hoje: o Ryan tinha um processo de "batizado" aos novatos da GB - pular da ponte da barra, a ponte da barrinha.
Eu passei por isso, e como tava cheio de menina, fui de peito estufado, até passar uma perna pra fora da mureta e ver o tamanho da encrenca; eis que ao tentar voltar a perna, o finado coloca a mão no meu ombro e fala: pula negão!

Ah, ele pulava de cabeça, e muitos que hoje estão no alto escalão da GB estavam junto.
P.s: não me comprometam com detalhes.
[iViva a Old School!
Você pode sair do Jiu Jitsu, mas o Jiu Jitsu não sai de você!
Muito orgulho de ter sido um dos primeiros brasileiros á ensinar o Gracie Jiu Jitsu no Japão. Todos nós ajudamos a escrever a história do Jiu Jitsu, cada um de uma forma.[/i]


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Gangstagibbs
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Re: 8 Anos sem Ryan Gracie

Mensagem por Gangstagibbs » 21 Jan 2016 23:15

Toda época tem suas mazelas. Nos anos 90, eu era uma criança, não vivi esse clima de porradaria, mas nas escolas o clima era bem mais pesado, pois não havia termos como "bullying" e essa atmosfera do politicamente correto que há hoje.
Acho os relatos muitos interessantes e importantes para refletirmos. Hoje, as coisas estão bem piores, pois a bandidagem está muito mais cruel e generalizada pelo país.

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zico
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Re: 8 Anos sem Ryan Gracie

Mensagem por zico » 22 Jan 2016 01:19

Marcelo BJJ escreveu:A Barra sempre foi tensa, Bombar, Slavia, Studio 54, Nuth, etc. Clima pesado, muito galeroso junto, rivalidades, sempre dava merda.

O que falar das festas de formatura na Casa do Canal onde os penetras jogavam os formandos no canal pra dar uma refrescada.

Mas nada era igual ao Metropolitan, não existia noite sem porrada nesse local, criançada chegando sábado de manhã pra ver Xuxa e nego que assistiu o show do Prodigy na noite anterior ainda estatelado no chão do estacionamento. Vi cenas bizarras nesse local, tinha um maluco que era famoso na zona oeste que parecia o Conan, imenso e usava cabelo comprido, tava sempre puxando trenzinho dentro do Metropolitan, um dia pisou no pé de um magrinho que foi corajoso pra caralho e resolveu reclamar, não teve 10 segundos de dialogo e o Conan lançou um megaton na direção dele, o magrinho foi ninja e pendulou o soco mas a mina que tava vindo atrás não teve a mesma sorte, o megaton entrou em cheio, serio, a mina tirou os 2 pés do chão e caiu fedendo, o magrinho saiu correndo e sumiu, seguranças chegaram, olharam pro Conan e nem tentaram expulsar o maluco do local, peidaram logo, todo mundo indignado pedindo pros seguranças expulsarem o cara e os seguranças respondiam na maior naturalidade " expulsar porque? A mina da uma cabeçada na mão do rapaz, e ainda querem que expulsem ele, não tem como" =)) =))
Metropolitan, lugar mais fácil de pegar mulher na história do Rio de Janeiro :lol: muito bom, tinha shows que eu ia na sexta e no sábado só pela pegação, e a porradaria comia solta sempre, normal 3 ou 4 porradas estancarem por show e claro que era normal uma vez ou outra a sua galera estar envolvida, coisa normalíssima nos anos 90, mas é melhor não entrar em detalhes.

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Re: 8 Anos sem Ryan Gracie

Mensagem por zico » 22 Jan 2016 01:29

LAWYER escreveu:Dei uma lida meio superficial no tópico... Bom tópico, no fim das contas, tirando um ou outro cú dando bote... Magrinho, como sempre, deu a real do que foram os anos 90. Quem se envolveu em confusão e está vivo é por milagre. Oração de mãe ajoelhada, como fazia a minha quando eu saia. Houve um momento em que todos tiveram que sair do Rio. Os Gracie então, nem se fala. O ar estava irrespirável e até os Mestres pediram pra galera dar um tempo. Ia morrer mais gente.
Teve um show na apoteose em que morreu um cara da boxthai. Houve vingança. Em outro show, um garoto do JJ foi morto a chute na cabeça. Não me comprometo com detalhes, vsf by Jeff, mas houve consequências judiciais pra uma galera que passou a ser vigiada de perto.
Dos que sobreviveram, tenho amigos que estão com alguns danos "neurais". Não é todo mundo que vive bem, depois de ter a cabeça chutada, ou levar uma tacada de baiseballl em algum lugar do corpo. Picareta eu não lembro, mas em uma briga na praça do Lido, uns dois ou três foram alvejados por tiros de besta (isso mesmo, aquela arma medieval que atira flexas)...
O Rio parecia o Japão feudal, com desafios pra tudo quanto é esquina. Os Mestres eram culpados por isso. E os Mestres que ensinaram aos Mestres foram forjados com essa mentalidade. Arte Marcial é Arte de Guerra, diziam, e ensinavam seus pupilos a serem o mais escrotos quanto possível. Tinha atleta olímpico de Judo que brigava em baile, era normal... Quando servi o Exército, percebi que criar um assassino não é um problema. O treinamento adequado faz isso. O problema é segurar ele depois... Levados a uma realidade de treinos muito próximas a combates reais, a galera se espancava nas noites quentes do Rio. Havia leniência do governo, da polícia, do judiciário. Se meia dúzia (inclusive Mestres) tivesse ido pra cadeia, muita coisa teria sido evitada.
Carlos Robson tinha 12 filhos. Meu pai dizia que era mais, tinha uns não contabilizados. Fiquei amigo de Renzo e Ralph, se bem que não sei se é possível ser amigo de Ralph... Ryan era um molequinho chato pra caralho, claramente com tdah, criado por uma irmã e Carlinhos e Renzo (mais ou menos). Nenhuma reprimenda, liberdade total, praia e academia todo dia, posição social, transtornos psíquicos não diagnosticados, nem tratados... deu ruim!
Essas confusões, brigas do passado, decepções como atleta, me afetaram muito e já procurei até ajuda terapêutica, o que foi muito bom. Eu conheci minha esposa nesse ambiente de guerra e quase estraguei meu namoro por causa disso. Houve grande resistência da família dela com relação a mim e não foi fácil superar essa resistência...Ela me ajudou muito, me deu uma família que é tudo pra mim, encontrei meu porto, sobrevivi...
Descobri anos depois que procurar uma pessoa e pedir perdão faz um bem danado aos dois. Fiz alguns pedidos, outros aguardam na prateleira das oportunidades. Vamos vivendo...
Ótimo relato mestre LAWYER e esse show que morreu um cara do JJ foi no show do Roxette na Apoteose né?

Eu estava lá e o negócio foi feio, depois o professor desse cara(não me comprometa com detalhes) ordenou que todos os seus alunos metessem a porrada em qualquer praticante de muay thai que encontrasse pela rua já que os caras que deram uma junta e mataram o seu aluno eram do muay thai e se eu não me engano da Tijuca.

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Re: 8 Anos sem Ryan Gracie

Mensagem por zico » 22 Jan 2016 01:36

Anônimo escreveu:Rapaz, já presenciei uma galera da Gracie (não posso dizer se o Ryan estava junto) intimando a molecada da Curicica em um sábado à noite no ponto de ônibus do Barra Shopping. Havia um ônibus chamado 706 que era circular. Os moleques da Curicica iriam tomar um atraso, afinal, ninguém ali praticava arte marcial. Numa dessas, naquele momento de ociosidade, nós pegamos o busão e íamos zoando dentro, sem pagar a passagem. O objetivo era ver as vendedoras gostosinhas que saíam do trabalho. Era o penúltimo ônibus, das 22h, numa noite de sábado, com o shopping lotado. O próximo só às 23h. Bom, depois de tanta provocação, quando o busão chegou na parada, a galera da Curicica tentando subir e o pessoal da GB dando umas porradas. Nós vimos aquela cena e o pessoal avisou que estava sendo esculachado pelo pessoal da GB. Descemos do ônibus e partimos atrás deles.O Shopping estava fechando, sendo permitida apenas a saída do pessoal que já estava dentro. Na hora, vendo que estavam em menor número, eles correram de volta para dentro do Barra Shopping e nós fomos atrás. Foi uma correria nos corredores dentro do shopping e ninguém entendeu nada. Não chegou a sair pancadaria, mas deu para ver que quando a coisa apertava, eles pipocavam. Confusões em danceterias como Bali Bar, Dado Bier, Studio 54, Biruta, uma outra em São Conrado que tinha o famigerado banho de espuma, eram normais. A Ilha dos Pescadores era praticamente um lugar de encontro de porradeiros. Havia um pessoal que já saía disposto a arrumar briga.

Já ouvi histórias de uma festa em uma casa na Gávea onde o Ryan e uma galera não tinham convites e foram barrados. Os caras deram um jeito, pularam o muro, deram porrada em quem estava pela frente e fizeram uma espécie de arrastão na festa.

Sei que o Ryan tem muitos amigos, mas fica difícil defendê-lo em alguns aspectos. Eu acho até que ele demorou para morrer, se pensarmos em uma cidade como o Rio, onde as pessoas correm atrás do prejuízo quando são esculachadas.
A Ilha dos Pescadores era tensa demais, eram as porradas mais perigosas daquela época pq sempre tinha nego armado, inclusive morreu gente lá dentro baleado, o foda também é que principalmente no verão ia a galera da Barra e da Zona Sul em peso e a porradaria era praticamente inevitável.

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Re: 8 Anos sem Ryan Gracie

Mensagem por zico » 22 Jan 2016 01:58

Marcelo BJJ escreveu:Documentando a briga da Boate Slavia que citei em algum momento do tópico. Detalhe pra fala do delegado em negrito!



http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidi ... 199927.htm
Conheço várias pessoas dos dois lados que estavam envolvidos nessa briga, Zona Sul contra a Barra pra variar, eu não estava lá mas soube na época que o negócio foi muito tenso, na praia no dia seguinte só se falava disso.

lucasvbleite
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Re: 8 Anos sem Ryan Gracie

Mensagem por lucasvbleite » 22 Jan 2016 09:25

Não tinha uma equipe "do bem" nos anos 90?
Algum mestre proibia brigar na rua?

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Codeço
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Re: 8 Anos sem Ryan Gracie

Mensagem por Codeço » 22 Jan 2016 09:46

lucasvbleite escreveu:Não tinha uma equipe "do bem" nos anos 90?
Algum mestre proibia brigar na rua?
Eu treinei Judo numa filial da Rufonni nos anos 90. Meu professor não incentivava, até reprimia condutas "violentas" fora da academia.
Lembro de um mlk que levou um esporro na frente de geral na academia pq a mãe dele caguetou que ele tava jogando os irmãos, primos e amiguinhos da escola pro alto.

No mesmo tatame depois da nossa aula tinha aula de jiu. A pegada era bem diferente. Quem puxava os treinos era no Dedeco(na época ainda deleariva) e o Perepepé(roxa ou marrom na época).

Lá pra 97/98 fiz um tempo de luta livre com o João Ricardo e Boxe Thailandes com o Alex Gazé na Budokan. Lá era sinistro! Vários malucos que curtiam baile. Todos lado A e TJB na maioria. Maracanã, Pca Hilda, Pca da Bandeira etc...

Os papos lá eram só de brigas que tinham acontecido no fim de semana. Lembro que a diversão da galera era se reunir na casa de alguém pra fazer montagem e mandar pra rádio Imprensa-FM.

Essa rádio tinha um programa só de Funk, montagem de galera. O pessoal ligava pra mandar "ALÔ" e fazer desavio pras outras galeras. rsrsrs...


Infelizmente treinei nem 3 meses na Budokan. Saí na mão na rua e tomei um diretão por dentro da cara.
Fiquei com um hematoma sinistro e meu pai me proibiu de treinar. Disse que eu deveria aprender Krav-magá, que eu tinha que saber me defender antes de bater. kkkkkkk

O velho bem que poderia ter tido a ideia de me colocar no jiu jitsu nessa época!
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