Marcos Dantas, da UFRJ, disse que não quis 'fazer qualquer ameaça pessoal'
O professor universitário aposentado Marcos Dantas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), publicou em suas redes sociais uma nota direcionada a Roberto Justus, na qual afirmou que uma publicação em sua conta no X era "uma simples metáfora", após ele comentar "Só guilhotina" em um post que criticava o empresário por mostrar a filha dele com a influenciadora Ana Paul Siebert usando uma bolsa que custa cerca de R$ 14 mil.

"Uma imagem repito, imagem, 'print' chegou-me, do jeito aleatório que chega no X, acompanhada de um comentário de pessoa com a qual volta e meia troco mensagens pelo X, fazendo referência a outro fato histórico, pelos mesmos motivos igualmente violento e dramático. Eu, inspirado na famosa frase de Maria Antonieta - 'se não tem pão, comam biscoitos' respondi com a dita metáfora. Entendo ser um símbolo dramático que nos alerta a todos da tragédia que se pode seguir a tanta insensibilidade social", publicou Dantas.

"Nem de longe, em momento algum, passou pela minha cabeça fazer qualquer ameaça pessoal ao senhor, sua esposa ou sua filha. Isso seria um absurdo! [...] ", publicou. "Não tive, não tenho, não passou pela minha cabeça ameaçar sua família. Mas se por obra desses incontroláveis fatores próprios da internet, o post the chegou a conhecimento e causou-lhe tantas e compreensíveis preocupações, peço sinceramente que me desculpe."
A palavra "guilhotina" faz alusão à forma de execução mais comum na fase radical da Revolução Francesa (1792–1794), que pôs fim ao regime absolutista na França. Em nota, a universidade disse que as postagens do servidor, aposentado desde 2022, eram de cunho pessoal e a "instituição (é) historicamente comprometida com a construção de um projeto de Nação, através do Conhecimento e da Ciência; baseia-se na defesa dos valores humanistas, na educação, na democracia e no diálogo em prol do Brasil".
Leia a nota do professor na íntegra:
Uma metáfora tornou-se ameaça de crime
Marcos Dantas
Era para ser, e continua sendo, uma simples metáfora, aliás volta e meia empregada por alguém no X (ex-Twitter). Uma referência simbólica a um evento dramático, mesmo trágico, que marcou para sempre a história da humanidade: a Revolução Francesa. Qual a causa dessa revolução? Uma realidade de profunda desigualdade social, alimentando o radicalismo politico.
Uma imagem repito, imagem, "print" chegou-me, do jeito aleatório que chega no X, acompanhada de um comentário de pessoa com a qual volta e meia troco mensagens pelo X, fazendo referência a outro fato histórico, pelos mesmos motivos igualmente violento e dramático. Eu, inspirado na famosa frase de Maria Antonieta - "se não tem pão, comam biscoitos" respondi com a dita metáfora. Entendo ser um símbolo dramático que nos alerta a todos da tragédia que se pode seguir a tanta insensibilidade social.

Sr. Justus,
Nem de longe, em momento algum, passou pela minha cabeça fazer qualquer ameaça pessoal ao senhor, sua esposa ou sua filha. Isso seria um absurdo! Aos 77 anos de idade e vida realizada, felizmente sem motivos para complexos ou ressentimentos, sei muito bem, política e eticamente, que não resolveremos nossos graves problemas sociais, que o senhor certamente não ignora, através de violência social, muito menos individual. Porém temo que se concretize o vaticínio cantado por Wilson das Neves em seu samba "No dia em que o morro descer e não for carnaval/ Ninguém [inclusive eu] vai ficar pro desfile final"... Lembrar aquelas tragédias históricas, pode servir (gostaria que servisse) para alertar a todos quanto a situações que só estimulam, nas mentes mais simplórias, explosões de raiva.
Repito: não tive, não tenho, não passou pela minha cabeça ameaçar sua família. Mas se por obra desses incontroláveis fatores próprios da internet, o post the chegou a conhecimento e causou-lhe tantas e compreensíveis preocupações, peço sinceramente que me desculpe.
