Anderson Silva por Georges St-Pierre: "Sem dúvida nenhuma foi o melhor de todos os tempos"

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Dillan Grau
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Anderson Silva por Georges St-Pierre: "Sem dúvida nenhuma foi o melhor de todos os tempos"

Mensagem por Dillan Grau » 27 Out 2020 06:43

Ao agradecer mensagem do canadense, Spider compara os dois a Ayrton Senna e Alain Prost: "Não quero me comparar ao Ayrton, mas, quem arriscou mais, acho que fui eu"

Anderson Silva e Georges St-Pierre é provavelmente a maior luta que jamais aconteceu na história do Ultimate. Campeões dominantes em seus auges nos pesos médios e meio-médios, respectivamente, eles nutrem respeito mútuo, mas o confronto entre eles sempre viveu no imaginário dos fãs de MMA. O brasileiro e o canadense estão sempre presentes nas discussões sobre quem é o maior lutador da história, mas, na opinião do próprio GSP, é de Spider o posto.

St-Pierre conversou com o Combate.com e rasgou elogios para Anderson, que faz sua despedida do MMA neste sábado, contra Uriah Hall, no UFC: Hall x Silva.

- Nós sempre tivemos uma boa relação. Eu não tenho nada de ruim pra falar de ninguém, muito menos dele. Anderson sempre foi um gentleman, sempre. Ele é um exemplo, é uma lenda, é um modelo pro esporte, é o melhor lutador que já pisou no octógono. É o melhor lutador de todos os tempos. Ver ele lutando é como se você entrar dentro de um filme de ficção científica, como estar dentro do filme Matrix, é incrível, muito divertido. Eu lembro quando ele nocauteou o Vitor Belfort com um chute frontal, e eu nunca tinha visto nada parecido antes. Ele faz coisas que ninguém nunca fez antes, ele é inacreditável, um lutador incrível. É o melhor lutador que já existiu - afirmou.

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Georges St-Pierre rasgou elogios a Anderson Silva — Foto: Reprodução

GSP reiterou a opinião de que Anderson é o maior da história do MMA e deu como um dos motivos o fato de o brasileiro ter feito coisas "que a gente nunca de mais ninguém dentro do octógono".

- Todo mundo tem o seu momento de brilhar, mas você nunca brilha pra sempre. É como se fosse uma vela. Você vai ter o fogo ali, o brilho por um tempo, mas a vela não dura pra sempre. Todos nós tivemos os nossos momentos brilhantes no octógono. Quando você fala o melhor de todos os tempos, é difícil de saber quem é na discussão geral, é impossível de dizer. Talvez você seja o melhor naquele momento, naquela época, naquela luta, mas se vocês lutarem de novo dez vezes você pode nunca mais ter a mesma performance contra o mesmo adversário de novo. Então, sempre que você tem uma experiência, uma luta, você não é mais a mesma pessoa que era na luta anterior. Você pode estar melhor ou pior, por conta das suas próprias experiências. Mas pra mim, sem dúvida nenhuma, na minha lista, Anderson Silva foi o melhor de todos os tempos, peso-por-peso. Na mente de todo artista marcial, Anderson tem que estar lá no primeiro lugar. O tipo de coisa que ele fez a gente nunca viu de mais ninguém dentro do octógono. Ele foi o primeiro e em muitas coisas ainda é o primeiro e único.

Ao ouvir as palavras de Georges St-Pierre, Anderson Silva comparou os dois a Ayrton Senna e Alain Prost na Fórmula 1. Para o brasileiro, seu estilo lembra o do compatriota por ter se arriscado mais nas lutas, enquanto o canadense dominava os oponentes com estilo mais pragmático.

- Que incrível. Eu tenho um respeito muito grande por ele. Georges é um cara que acho que assim... Tinha o Ayrton Senna e o Alain Prost. Quem corria com a regra toda da Formula 1 é o Alain Prost, quem arriscava mais era o Ayrton Senna. Eu considero ele o Alain Prost do UFC. Não quero me comparar ao Ayrton, mas, quem arriscou mais, acho que fui eu. São dois grandes lutadores. Teve essa aura por trás, essa energia por trás de uma possível luta entre eu e Georges, mas a gente sempre se respeitou muito. Tenho respeito muito grande por ele. E acho que nunca aconteceu justamente por isso, por a gente se respeitar muito e ter a consciência de que, cada um na sua categoria, fez história. É um prazer receber vídeo dele, toda vez que nos encontramos tem um respeito mútuo. Gosto muito dele, tenho um carinho muito grande pelo Georges St-Pierre.

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Anderson Silva entrará em ação no próximo sábado — Foto: Reprodução

Confira outros trechos da entrevista com Georges St-Pierre:

Combate.com: Se lembra quando foi a primeira vez que viu o Anderson Silva lutar?

Georges St-Pierre: Eu vi o Anderson pessoalmente muitas vezes, mas eu me lembro a primeira vez que o vi, foi na luta contra o Carlos Newton, que era canadense, ex-campeão do UFC. E o Carlos Newton venceu o Pelé Landi e depois de um tempo enfrentou o Anderson Silva. Eu não sabia quem era o Anderson naquela época, mas sabia quem era o Carlos Newton. Então quando os dois lutaram naquela noite, eu fiquei muito surpreso e entendi o quão bom o Anderson Silva era. Aquela foi a primeira vez que o vi lutar e foi incrível. Foi uma luta que me abriu os olhos. Eu pensei: “Meu Deus, esse cara é especial!”.

Naquela época, você já lutava profissionalmente?

Eu não acho que já lutava profissionalmente. Eu estava começando minha carreira, fazendo algumas lutas amadoras, se me lembro corretamente, porque o Anderson é um pouquinho mais velho do que eu. E o Carlos Newton era um grande ídolo pra mim porque ele foi o primeiro campeão canadense no UFC, então ele era um nome muito muito grande no Canadá e ver ele ser nocauteado daquela forma pelo Anderson foi uma surpresa muito grande.

Depois que você começou a lutar no UFC, já em 2006, começaram os rumores de uma possível luta entre você e o Anderson. Vocês eram dois campeões, dois dos campeões mais dominantes da organização. Você chegou a pensar de verdade nessa luta?

Muita gente falou muito sobre essa luta, pessoas perguntando se a gente ia se enfrentar. Acontece que quando eu era campeão, antes mesmo de entrar no octógono, eu já sabia quem viria depois. Depois de cada luta, eu já sabia quem eu iria enfrentar na próxima e na próxima luta. A minha divisão era completamente insana, muita gente boa. Eu sempre tinha alguém me desafiando enquanto estava lutando com outra pessoa e nunca quebrei esse ciclo. E eu pensei que se eu tivesse que lutar na categoria dos médios, 84kg, eu teria que ganhar peso pra ter uma boa performance. Eu sabia que o Anderson era um cara muito maior do que eu. E eu já não sou um cara muito grande na minha categoria, no peso-meio-médio, 77kg. Então eu achei que pra subir pro peso-médio eu teria que colocar a minha carreira no peso-meio-médio em pausa ou abandonar o cinturão, porque levaria tempo pra eu ganhar esse peso de forma saudável, esse tipo de coisa não acontece de um dia pro outro. Então acho que o tempo nunca ajudou pra que essa luta com o Anderson se concretizasse, sabe? Não chegou no momento certo.

Por que você acha que essa luta nunca aconteceu quando vocês dois estavam no auge?

Bom, naquela época não era uma escolha inteligente fazer essa luta, porque se você olhar pro boxe, por exemplo, muitos dos caras como o Roy Jones Jr, quando eles sobem de categoria eles se dão bem, mas quando eles voltam pra suas divisões, é aí que eles complicam suas carreiras. Então, pra mim, nessa época, eu era o campeão, tinha várias vitórias seguidas, tinha muitos desafios difíceis na minha divisão. Cada adversário que eu enfrentava era melhor que o anterior e todo mundo pensava: “Ah, agora esse vai ser o cara que vai vencer o Georges St-Pierre”. Por isso, fazia sentido pra mim continuar na minha categoria. Eu tinha um bom contrato, estava em um ótimo momento. Pra parar esse momento pra subir de categoria e voltar pros meio-médios… Para mim essa luta no peso de cima seria apenas um desafio, eu não queria deixar minha divisão. Mas pra fazer isso eu teria que encerrar minha carreira nos 77kg, pelo menos na minha cabeça, e isso não seria inteligente da minha parte. Então eu segui os conselhos dos meus treinadores e da minha equipe. O UFC também nunca chegou pra mim e disse: “Você quer subir de categoria?”. Naquela época a luta nunca me foi oferecida oficialmente, eram só rumores.

Mas você queria enfrentar o Anderson naquela época? Ou era mais por conta dos fãs? Você quis essa luta algum dia?

Eu teria feito essa luta. Eu teria aceitado, mas teria que ser dentro de algumas condições. Por exemplo, naquela época eu teria aceitado se fosse no peso-casado, porque aí eu não teria que subir tanto de peso. Aliás, eu aprendi muito tempo depois que essa coisa de ganhar peso…eu achava que era a coisa certa a se fazer naquela época, se você vai subir de categoria, você precisa estar maior. Mas anos depois eu voltei pra enfrentar o Michael Bisping, e eu tentei ganhar peso e não foi bom pra mim. Eu sempre acho que o melhor é você lutar perto do seu peso natural, porque é aí que você tem as melhores performances. Naquela época, porém, eu não tinha a experiência que eu tenho hoje e eu não sabia isso. Eu achava que eu precisava ficar muito maior e eu teria feito isso talvez se a luta tivesse sido oferecida no peso-casado. Naquela época não existia a USADA, então essa também seria uma exigência, que a luta fosse no peso-casado e que nós dois passássemos pelos protocolos da USADA. Mas naquela época não acho que o UFC tinha condições de atender essas duas exigências. Era um tempo muito diferente.

Qual é o legado que o Anderson Silva deixa pro esporte?

Ele tem um legado incrível. É o melhor de todos os tempos. Eu só desejo que ele continue saudável, porque a gente continua lutando e, não vou negar isso, eu acho que ele já passou a melhor fase de sua carreira. Mas eu torço muito pra que ele encerre a carreira com uma vitória, com uma mensagem positiva, que saia por cima. Desejo de verdade que ele vença sua última luta, só desejo coisas boas pra ele. Que ele tenha força e disciplina pra se aposentar e continuar saudável. Tenho só memórias boas com ele.
Nesse meio é difícil a gente ver lutadores se aposentando no topo, como você fez. Por que você acha que é tão raro?

É muito difícil porque você nunca sabe quando você vai chegar na melhor fase da sua carreira. Você quer chegar no topo, mas não sabe nunca se já chegou. Muitos lutadores descobrem isso tarde demais. Eles só descobrem que já passaram o topo quando já estão caindo. Eu não queria cometer esse mesmo erro que a maioria dos atletas de MMA cometem. Eu queria encerrar minha carreira no topo, pro meu legado, pra minha carreira, mas também pela minha saúde. O que a gente faz é colocar a paixão pelo esporte em primeiro lugar, e essa paixão vira um negócio. Só que se você for longe demais, isso pode afetar sua saúde. E isso é algo que você não pode deixar acontecer.

Hoje, olhando pra toda a sua carreira, você pensa: “Poxa, devia ter feito essa luta com o Anderson?"

Talvez. Às vezes quando penso sobre isso, eu acho que teria sido uma luta da magnitude de Floyd Mayweather e Manny Pacquiao, mas eu acredito que nesse negócio da luta, tudo tem que acontecer no tempo certo. Na verdade, me ofereceram a luta com o Anderson uma vez e foi depois da minha luta contra o Johnny Hendricks, quando eu estava deixando o esporte. Eu não aceitei essa luta, e não foi por ser contra o Anderson Silva, e sim porque eu eu estava passando por uma depressão profunda nessa época da luta contra o Johnny Hendricks, estava com vários problemas pessoais, queria deixar o esporte. A minha mente não estava no lugar certo, eu não tinha mais cabeça pra lutar. Na verdade, eu devia ter me aposentado após a luta contra o Nick Diaz, porque mentalmente eu não era mais o mesmo lutador. Então quando eu paro e penso, essa foi a única vez que me ofereceram essa luta com o Anderson, mas infelizmente não foi no tempo certo.

Anos depois, você voltou pro UFC e conquistou o cinturão que por tanto tempo foi do Anderson. Como foi a emoção de ser campeão, em cima do Michael Bisping, nessa única luta que você fez nos pesos-médios do UFC?

Foi muito bom, um sentimento de muita felicidade. Eu tive muito tempo para pensar e para planejar essa volta. Como eu disse, passei por um período de depressão. Quando eu abdiquei do cinturão, levei muito tempo pra me recuperar. O UFC também passou por muitas mudanças, a chegada da USADA, mudança de regras, mudança de infraestrutura e isso me fez querer voltar. E quando eu voltei, eu sei que eu consegui uma conquista incrível, o cinturão dos médios, mas eu fiquei muito doente tentando ganhar peso e fiquei muito triste. Tive uma doença chamada “old circle lightness”, na verdade é uma condição de saúde por causa do estresse e porque eu tentei comer muito pra ganhar peso. Isso me fez sentir como se estivesse suando o tempo todo, não era um sentimento bom. Por isso que eu acredito que lutadores devem competir próximo de seu peso natural, onde eles se sentem mais saudáveis, perto do peso ideal pra que eles possam atingir os resultados ideais. Tentar ganhar peso, pra mim, foi um erro. Eu entendo isso hoje graças aos especialistas.

Como você vê essa luta de despedida do Anderson contra o Uriah Hall?

Eu acho que vai ser uma boa luta pro Anderson. É uma luta que vai ajudá-lo a mostrar suas habilidades, porque o Uriah também é um trocador, vai querer ficar em pé e trocar com o Anderson. Eu acho que vamos ver o Anderson Silva de hoje no seu melhor, acho que teremos até alguns momentos do auge do Spider, alguns dos movimentos que estamos acostumados a vê-lo fazer. Eu realmente espero que ele tenha uma noite incrível e encerre sua carreira com uma vitória muito positiva.

https://globoesporte.globo.com/combate/ ... mpos.ghtml
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Re: Anderson Silva por Georges St-Pierre: "Sem dúvida nenhuma foi o melhor de todos os tempos"

Mensagem por adauto_mma » 27 Out 2020 10:46

O mais espetacular com certeza foi o AS, nunca mais veremos alguém fazer o que ele fez.
Todos os homens morrem, a maioria nunca vive!
(William Wallace)

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Sambo
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Re: Anderson Silva por Georges St-Pierre: "Sem dúvida nenhuma foi o melhor de todos os tempos"

Mensagem por Sambo » 27 Out 2020 11:29

não acho... ruim de quedas e de chão
Criador do tópico: Treinos a porta fechada!!!

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