Multicampeão e descendente da família Gracie busca novos desafios e sucessos no meio das lutas
Por Victor Gomide
Roger Gracie, 35 anos. Dez vezes campeão mundial de jiu-jitsu. Campeão peso meio-pesado do ONE FC. Precisa de mais alguma conquista para a carreira? Ele é um Gracie. E, para os Gracie, sempre há mais para alcançar. Legítimo descendente da nobre linhagem de Carlos e Hélio, Roger achou que ainda precisava. E conseguiu.
Nesta terça, 25 de julho, o lutador esteve nos estúdios FOX Sports e falou sobre seu último grande feito. No domingo (23), ele derrotou, com finalização no pescoço, o também decacampeão Marcus Buchecha, no Gracie Pro - evento que misturou seminário e lutas de faixas pretas profissionais de jiu-jitsu no Parque Olímpico da Barra.
Há muitos anos com seus treinamentos voltados para as artes marciais mistas e sem quimono, ele reconheceu que se sentiu como a "zebra" antes do confronto. “Depois de muitos anos desde que eu comecei a competir no jiu-jitsu, eu me vi entrando como o azarão”.
Depois do feito fantástico, confirmou a aposentadoria. Mas apenas no jiu-jitsu. No MMA, ele já tem um novo objetivo: conquistar mais um cinturão no ONE FC. “Estou com o cinturão do meio-pesado. Vou tentar ganhar o do médio. Quem sabe, eu fico com dois”.
Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista a Eder Reis, Mario Filho e internautas.
FOX Sports: Como estava o Roger Gracie para encarar o Buchecha?
Roger Gracie: Acho que depois de muitos anos desde que eu comecei a competir no jiu-jitsu, eu me vi entrando como o azarão. Não como ponto positivo ou negativo. É uma sensação diferente.
FS: Foi um confronto de gerações?
RG: Acho que foi. Quando eu parei de competir, o Buchecha nem competia na faixa preta, em 2010. De lá para cá, venho me dedicando ao MMA. Foi quando ele começou a se sobressair, a ganhar tudo e está praticamente dominando o esporte desde que eu me aposentei. Apesar de a diferença de idade não ser tão grande – eu tenho 35 anos, ele tem 27 –, a gente é praticamente da mesma geração mas ele não foi da minha geração de faixa preta.
FS: Nessa luta, a sua preocupação foi anular o jogo do Buchecha e finalizar sem se preocupar com a pontuação?
RG: Eu não ignorei completamente. Mas, no momento em que peguei as costas dele, teve um momento em que eu parei para analisar se eu insistiria no estrangulamento ou se fazia a pontuação nas costas. Isso tudo aconteceu em questão de um, dois segundos. Não tem muito tempo para analisar.
FS: Seria interessante uma luta contra o Jacaré como despedida?
RG: Não. A gente já teve a nossa história. Já nos enfrentamos várias vezes, tivemos nossas batalhas do tatame. Eu não estava com essa vontade de fechar minha carreira lutando com o Jacaré, um cara com quem eu já lutei várias vezes. Foi uma história linda.
FS: Existe uma distinção entre as “escolas” de jiu-jitsu tradicional e moderno?
RG: Acho que dá. Mas o Buchecha, por exemplo, não acho que tem um jiu-jitsu super moderno. O jogo dele não tem coisas super diferentes do jiu-jitsu clássico.
FS: Quem seria, para você, o melhor lutador de jiu-jitsu do mundo?
RG: O Buchecha é o melhor do mundo. Está ganhando tudo. Acabou de ser dez vezes campeão mundial. Tem outros atletas... o Bruno Malfacine acabou de ser nove vezes campeão mundial. O Buchecha não faz coisas que ninguém fazia dez anos atrás. Ele tem o estilo dele, é um pouco diferente do meu mas, as coisas que ele faz agora, todo mundo fazia antigamente. Eu sou um cara que é considerado um jiu-jitsu clássico. Então, é um jiu-jitsu básico. As minhas finalizações são das costas ou da montada. São coisas que, cem anos atrás, quando o meu avô praticava, era igual. Não mudou muito. Eu represento um jiu-jitsu clássico mais do que qualquer outro jiu-jitsu.
FS: Nos primeiros minutos de luta, você frustrou as tentativas de queda do Buchecha. Ali, começou a quebrar o espírito dele? Você treinou muito wrestling? Estava nos seus planos?
RG: Estava. O meu plano era, nos primeiros cinco minutos, deixar a luta “cozinhar” um pouco. Eu sei que ele é muito explosivo. Eu já sabia que ele viria tentar me derrubar. Ele é muito característico de atacar a perna esquerda e eu já defendi mais. Eu sabia que era isso que ele queria. Acho que ele se frustrou um pouco. E não mudou a tática. Acho que ele se frustrou um pouco. Na hora em que eu puxei ele para a guarda. Quando eu já caí nas costas dele, senti ele dando uma frustrada... você sente a leitura corporal do atleta.
FS: Você pretende pegar mais um cinturão no ONE FC?
RG: Estou com o cinturão do meio-pesado. Vou tentar ganhar o do médio. Quem sabe, eu fico com dois cinturões.