Aposentadoria aos 25 anos, livros de guru indiano e retorno ao MMA: a trilha de Jonas Bilharinho

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Dillan Grau
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Aposentadoria aos 25 anos, livros de guru indiano e retorno ao MMA: a trilha de Jonas Bilharinho

Mensagem por Dillan Grau » 18 Out 2019 06:44

Primeiro campeão de duas categorias no Jungle Fight, lutador volta ao esporte neste sábado, no Future FC 9, após cerca de três anos e meio afastado por opção própria

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O fã de MMA talvez se lembre de Jonas Bilharinho. Primeiro campeão de duas categorias do Jungle Fight (galos e penas), o lutador perdeu sua invencibilidade no esporte em abril de 2016 e anunciou aposentadoria aos 25 anos. Quase quatro anos depois, ele optou por retornar ao cage e está escalado para enfrentar Junior Duarte, neste sábado, no Future FC 9, em São Paulo.

A explicação para o período longe do MMA e pelo retorno não é das mais simples. Prolixo, Bilharinho fez uma autocrítica sobre sua personalidade antes de abandonar o esporte. Recordou que treinar não fazia parte de sua rotina e reconheceu seus erros. Com sete vitórias, um empate e uma derrota na carreira, o brasileiro era considerado uma das principais promessas do cenário atual e ir para o Ultimate parecia ser seu destino. Porém, aliar vitórias importantes - como as que teve contra Mário Israel, Fabiano Soldado e Amaury Jr., entre março de 2014 até dezembro de 2015 - com a falta de empenho na academia não funcionou bem na cabeça de Jonas.

- Estou sem lutar há um tempo, uns três anos e meio. Naquele período que parei de ser atleta, percebi que não me conhecia, não sabia por quê estava lutando. Quando era mais novo, era um sonho para mim, ia extremamente motivado treinar, amava aquilo, mas fui perdendo o amor pela luta sem me dar conta disso. Ganhava dinheiro, títulos, e aquilo alimentava meu ego. Me convencia de que estava satisfeito com aquelas coisas, mas me afastava de quem eu era de verdade. A luta em si era verdadeira, mas o motivo não era. Aquilo foi morrendo dentro de mim, deixando de ser prazeroso. Estava num ponto que não treinava para as lutas. Começou contra o Mário Israel. Treinei quatro semanas, o cara 9-0. Aquilo alimentou meu ego de forma absurda e subiu minha cabeça. Depois fiquei um ano sem lutar porque ninguém queria lutar comigo. Para lutar com o (Fabiano) Soldado foi a mesma coisa. Treinei três, quatro semanas, acertei um bom chute na cabeça e nem cheguei a saber se estava preparado para a luta. Não tinha cabeça para enxergar isso naquela época, só pensei que eu era um monstro. Nocauteei o cara da categoria de cima e fui o primeiro a pegar dois cinturões no Jungle. Fiquei mais oito meses sem lutar. Veio a proposta para lutar com o Amaury Jr., treinei até menos, mas quebrei a costela dele no terceiro round, e ele não voltou para o quarto. Não senti o gás, vi que ele sentiu. Ali estava me achando um monstro. "Na hora que entrar no UFC e fizer um camp sério, de dois meses treinando, vou ser campeão do mundo" - afirmou, ao Combate.com.

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Entretanto, o convite para o Ultimate nunca chegou. Para piorar, ao colocar o título dos penas em jogo contra Valdines Silva, foi dominado e perdeu por nocaute técnico no segundo round, acabando com sua invencibilidade na carreira. E Bilharinho garante que isso foi uma das coisas fundamentais para que ele pudesse, hoje, mergulhar de cabeça nos sacrifícios que o esporte exige de um atleta de alto nível.

- Deus foi sábio e fechou as portas para mim. Me desculpe a expressão, mas eu teria permanecido um arrombado se eu entro no UFC. Ainda bem que me frustrei por não entrar no UFC, isso me fez olhar pra realidade e veio o Valdines. Recebi a notícia para a luta dele com pouco menos de um mês, estava há seis, sete meses sem treinar. Literalmente só bati o peso para lutar e fui lutar. Eu via tudo que ele fazia na luta e meu corpo não reagia. Via a mão vindo, achava ele lento, mas não desviava. Tomei uns knockdowns horríveis, um com jab dele, estava completamente despreparado para aquilo. Isso é o atleta que eu era. Ele ganhou do Jonas de verdade porque aquilo era o Jonas de verdade. Nunca tinha sido atleta na vida. Posso dizer que sou atleta hoje pela primeira vez na vida.

O revés mexeu com a cabeça de Jonas Bilharinho. Aposentado do MMA, ele procurou se reencontrar de outras formas, longe das artes marciais. Além de seguir carreira de modelo e investir em bitcoins, atividades que segue exercendo, viu seu caminho nos livros do guru indiano Osho, do qual fala com grande admiração.

- Isso (derrota para Valdines) me fez reavaliar tudo. Ali pude perceber que não gostava de treinar, não queria nada daquilo. Não gostava de dar entrevista porque achava meu tempo precioso. Achava que meus patrocinadores me pagavam pouco e que merecia ganhar o triplo. Toda a mentalidade arrogante de quem acha que merece mais. Depois da luta com o Valdines, entrei em um processo de busca por auto-conhecimento. Conheci um cara chamado Osho. Li um livro dele chamado "O Livro do Ego". Ali percebi um tipo de conhecimento que não sabia que existia. Em dois meses li uns sete livros dele. Li muita gente. Fui me aprofundando nisso, no auto-conhecimento. Nessa trilha, esbarrei com Deus. Mas não é esbarrar com Deus de forma simbólica, é esbarrar com Deus vivo. Vi Deus vivo. Ele fala comigo até hoje e tenho uma relação íntima com Deus. Procuro andar por onde Deus me manda. E voltei para o MMA porque Deus me mandou voltar para o MMA falando que este é o caminho para a minha vida. Hoje em dia posso falar que sou um cara sério, não sou mais um menino arrogante e agora estou inteiro. Sou atleta. A diferença básica do lutador para o atleta é que o lutador só pensa quando está lutando. Eu sou atleta o dia inteiro, nunca deixo de ser atleta. Atleta é atleta quando come, dorme, quando recusa sair, não fica bêbado, está o tempo inteiro conectado com aquilo. Estou o tempo inteiro conectado com Deus, esse é o propósito que ele tem para mim. Não posso prometer vitória, mas prometo que vocês verão um homem diferente ali no octógono.

Treinando na equipe Team Nogueira, Jonas Bilharinho evitou comentar de forma aprofundada a situação de seu ex-treinador de boxe, Erivan Conceição, que foi demitido da academia após ser acusado de estupro por duas ex-alunas da nobre arte. O lutador, porém, revelou que assumiu a função no local.

- Isso do Erivan é uma questão para a Team Nogueira. É um treinador excelente que perdemos. Quem acabou substituindo ele, fui eu. Me falaram que ele não poderia dar aula e assumi enquanto ele não estava lá. A galera me considera alguém experiente na parte de trocação, confiaram em mim, foi uma honra ver a confiança dos atletas nos treinos que puxo. Estou com quase dois meses de aula. A grande diferença deste camp é que não conto com a ajuda do Erivan. De resto, tudo de boa. O Rafael Feijão está fazendo tipos de treino que não tínhamos, de quem realmente viveu essa parada. Acredito que isso fará bastante diferença nesta luta. O Vander também com o muay thai. Fora da Team Nogueira também estou sempre treinando com o (Alex) Gazé, foi quem me convidou a ser atleta profissional da Team Nogueira, é com certeza a pessoa que tem mais influência em quem sou como atleta no que tange a traçar estratégia. Ele e Rafael Feijão se tornaram fundamentais para mim. Estou me sentindo muito bem preparado na parte de preparação física. Estou com bastante gás, mais do que já tive. Por nunca ter sido atleta, sempre deixei a desejar no gás. Era mais um poupador de gás do que tinha gás bom. Agora espero ainda ter a habilidade de poupar gás para gastar na hora certa, mas tendo uma reserva ainda maior - concluiu.

Future MMA 9
19 de outubro de 2019, em São Paulo
CARD DO EVENTO:
Peso-meio-pesado: Matheus Buffa x Fabão Vasconcelos
Peso-pena: Rafael Coxinha x Luís Betão
Peso-mosca: Bruno Korea x João Alicate
Peso-pena: Jonas Bilharinho x Júnior Duarte
Peso-pena: Denis Alagoas x Assis Sousa
Peso-pena: Filipe da Silva x Guilherme Santos
Peso-leve: Evandro Barbosa x Rodrigo Lidio
Peso-galo: Rudson Caliocane x Matheus Bocão
Peso-palha: Lucas Fenômeno x Antônio Piauí
Peso-meio-médio: Uyran Presunto x André Fischer
Peso-mosca: Zé Reborn x Lucas Faria
Peso-galo: Manoel Maranhão x Carlos Crocodilo
Peso-leve: Thiago TKS x Guilherme Senegal
Peso-pesado: Neone Hatake x Danilo Espera

https://sportv.globo.com/site/combate/n ... inho.ghtml
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winstrol
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Re: Aposentadoria aos 25 anos, livros de guru indiano e retorno ao MMA: a trilha de Jonas Bilharinho

Mensagem por winstrol » 18 Out 2019 13:23

Entrevista doida, mas muito humilde e sincera. Eu fiz alguns sparrings com o Jonas nessa época que ele treinava sério, ele é muito talentoso e rápido.
Oremos por Bolsonaro
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fethai
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Re: Aposentadoria aos 25 anos, livros de guru indiano e retorno ao MMA: a trilha de Jonas Bilharinho

Mensagem por fethai » 19 Out 2019 20:30

Filipe escreveu:
18 Out 2019 20:33
N foi ele que foi um dos principais sparrings do Aldo contra o Connor?
Sim, foi ele mesmo, nessa época ele tava muito bem no Jungle Fight

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Tubarao Floripa
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Re: Aposentadoria aos 25 anos, livros de guru indiano e retorno ao MMA: a trilha de Jonas Bilharinho

Mensagem por Tubarao Floripa » 20 Out 2019 17:08

Tonio Kröger escreveu:
20 Out 2019 14:14
O Bilharinho nem sentiu o tempo parado e deixou o corpo estendido no chão.

Com o cartel que tem e esse highlight aí, em pouco tempo chega ao UFC.
Nocautasso! Luta demais :punk:

Só fiquei preocupado que no final ele pareceu sentir remorso :)) Alguém tem que lembrar esse cara que ali é uma competição, que se o adversário pudesse faria PIOR com ele. Deixa a amizade e o momento zen pra fora do cage :smoke:
"Enviado da minha internet discada usando Windows 95."

Nick velho: ZARBON :enhancedwheelchair:
https://wadovaletudo.blogspot.com/

Crono_M
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Re: Aposentadoria aos 25 anos, livros de guru indiano e retorno ao MMA: a trilha de Jonas Bilharinho

Mensagem por Crono_M » 21 Out 2019 11:46

Sempre foi bom em pé, resta saber se tem jiu/wrestling pra se segurar em evento internacional, no mais, pqp que nocaute brutal, o juizao parece que tinha raiva do coitado do Robocop, nocaute pra deixar sequelas, e o coitado deve ter ganho no máximo mil reais pra ser estuprado dessa maneira... foda.
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Se as pessoas são boas só por temerem o castigo e almejarem uma recompensa, então realmente somos um grupo muito desprezível.
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Rorschach.

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