Re: História do Grappling-Rivalidades, treinos a portas fechadas
Enviado: 03 Nov 2017 10:08
Mais uma retirada do blog do Leitão:
E agora?
Nos idos dos anos 60, todos os meses haviam eventos de Vale Tudo no Nordeste e, sem dúvida, eram sensacionais. Lá surgiram o lendário Ivan Gomes e Euclides Pereira (único que venceu na Bahia o maior lutador de todos os tempos, Carlson Gracie), além de Pinheirão, Hilário, Ciganinho e muitos outros.
Os combates não primavam pela técnica, mas o empenho era garantido. Qualquer tipo de “moleza” o publico se encarregava de castigar os lutadores. Primeiro vaiando e depois, acreditem, botavam os lutadores para correr...
Naquela época, desistir? Nem pensar! O “macho” jamais “bateria”.
Os participantes, ditos profissionais, antes de tudo eram vidrados por luta. Assim, os lutadores precisavam de um mecanismo que avisasse ao “córner” ou ao “segundo” para jogar a toalha em caso de emergência, só que quando acontecia, faziam aquele teatrinho, reclamando que não desistiu, que queria continuar etc.
Na época o plano era - sem o “sprawl” que qualquer lutador faz hoje - “baianar”, passar a guarda, montar e ...fim!
Bem, um dia um lutador sofreu uma queda e seu adversário se aproveitou e na montada iniciou o “massacre”. Antes que ele desse o tal sinal, talvez com os pés (não sei) o segundo achou que deveria proteger seu pupilo, interrompendo o massacre e a luta. Como não tinha uma toalha jogou em direção ao ringue um pano menos encorpado que encontrou. Só que o fez como se atirasse um disco e como ventava muito o pano abriu e demorou uns poucos segundos para cair no ringue. Exatamente nestes segundos o lutador que sofria o massacre reverteu a posição, caindo na guarda do outro e iniciando um ataque avassalador. Ao se deparar com o pano no ringue o juiz parou a luta e perguntou de quem era o pano.
E agora?
O tal segundo, vendo a confusão em que se meteu, sumiu, com medo do publico e especialmente do pupilo.
O final exato eu não soube no dia, mas o fato é que o espetáculo ficou suspenso por mais de uma hora com o publico impaciente querendo invadir o espaço reservado.
Alguns anos depois encontrei com o grande lutador pernambucano Ivan Gomes, hoje falecido, não resisti e perguntei, ele então me confirmou que os jurados saíram pela tangente e deram um honroso empate.
São dezenas de história e fatos interessantes, quase folclóricos que aconteceram nestes últimos quarenta anos e que precisam ser lembrados.
Quem tiver algum, por favor escreva para a coluna.
Agradeço antecipadamente.
Até a próxima,
Roberto Leitão
Mestre Roberto Leitão | 26/09/2008 - 13:37
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http://web.archive.org/web/201111250121 ... php?area=6
E agora?
Nos idos dos anos 60, todos os meses haviam eventos de Vale Tudo no Nordeste e, sem dúvida, eram sensacionais. Lá surgiram o lendário Ivan Gomes e Euclides Pereira (único que venceu na Bahia o maior lutador de todos os tempos, Carlson Gracie), além de Pinheirão, Hilário, Ciganinho e muitos outros.
Os combates não primavam pela técnica, mas o empenho era garantido. Qualquer tipo de “moleza” o publico se encarregava de castigar os lutadores. Primeiro vaiando e depois, acreditem, botavam os lutadores para correr...
Naquela época, desistir? Nem pensar! O “macho” jamais “bateria”.
Os participantes, ditos profissionais, antes de tudo eram vidrados por luta. Assim, os lutadores precisavam de um mecanismo que avisasse ao “córner” ou ao “segundo” para jogar a toalha em caso de emergência, só que quando acontecia, faziam aquele teatrinho, reclamando que não desistiu, que queria continuar etc.
Na época o plano era - sem o “sprawl” que qualquer lutador faz hoje - “baianar”, passar a guarda, montar e ...fim!
Bem, um dia um lutador sofreu uma queda e seu adversário se aproveitou e na montada iniciou o “massacre”. Antes que ele desse o tal sinal, talvez com os pés (não sei) o segundo achou que deveria proteger seu pupilo, interrompendo o massacre e a luta. Como não tinha uma toalha jogou em direção ao ringue um pano menos encorpado que encontrou. Só que o fez como se atirasse um disco e como ventava muito o pano abriu e demorou uns poucos segundos para cair no ringue. Exatamente nestes segundos o lutador que sofria o massacre reverteu a posição, caindo na guarda do outro e iniciando um ataque avassalador. Ao se deparar com o pano no ringue o juiz parou a luta e perguntou de quem era o pano.
E agora?
O tal segundo, vendo a confusão em que se meteu, sumiu, com medo do publico e especialmente do pupilo.
O final exato eu não soube no dia, mas o fato é que o espetáculo ficou suspenso por mais de uma hora com o publico impaciente querendo invadir o espaço reservado.
Alguns anos depois encontrei com o grande lutador pernambucano Ivan Gomes, hoje falecido, não resisti e perguntei, ele então me confirmou que os jurados saíram pela tangente e deram um honroso empate.
São dezenas de história e fatos interessantes, quase folclóricos que aconteceram nestes últimos quarenta anos e que precisam ser lembrados.
Quem tiver algum, por favor escreva para a coluna.
Agradeço antecipadamente.
Até a próxima,
Roberto Leitão
Mestre Roberto Leitão | 26/09/2008 - 13:37
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